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'Financial Times': JBS enfrenta revolta de acionistas sobre escândalo de corrupção 

BNDES com 21,3% das participações na empresa, quer afastar Wesley da diretoria

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O gigante brasileiro de carnes de carne JBS enfrentou uma revolta de um acionista minoritário em uma reunião extraordinária que poderia decidir o futuro do executivo-chefe Wesley Batista, que admitiu pagar propinas para mais de 1.800 políticos brasileiros, afirma matéria publicada pelo Financial Times nesta sexta-feira (1).

Times lembra que Wesley Batista confessou corrupção em uma delação premiada realizada em maio, junto de seu irmão e ex-presidente da JBS, Joesley, provocando um escândalo político que atraiu o presidente Michel Temer e colocou as ações da JBS em seu pior momento.

A família Batista possui 42,2 por cento da JBS, mas o segundo maior acionista da empresa está buscando apoio para uma resolução, ordenando ao grupo processar os irmãos Batista por "danos causados" aos ativos da JBS.

O objetivo da resolução, do BNDES Participações, a ala de investimento do banco de desenvolvimento brasileiro, é forçar Wesley Batista a se afastar como diretor executivo. O BNDES possui 21,3% da JBS. Investidores institucionais e gestores de ativos, incluindo BlackRock e Vanguard, possuem grande parte do resto.

Uma segunda resolução da BNDES exige que a empresa nomeie um auditor independente para quantificar o efeito financeiro da negociação de fundamentos. A JBS diz que seus acionistas devem votar contra ambas as resoluções, acrescenta o Financial Times.

A empresa está, no entanto, exortando os acionistas a apoiar seu próprio plano para aumentar drasticamente o salário da diretoria para compensar os membros do conselho por um aumento da carga de trabalho devido à queda do escândalo.

Um grupo independente de assessores de acionistas, Institutional Shareholder Services, recomenda que os investidores baixem o plano na sexta-feira, dizendo que a JBS "não conseguiu fornecer uma justificativa convincente". O plano para aumentar o salário fixo do conselho e incluir administradores não executivos no regime de remuneração do patrimônio da empresa aumentaria o total pago aos diretores de R $ 2,59 milhões (US $ 819,264) para R $ 14,62m, diz a ISS.

A JBS, o maior fabricante de carnes do mundo, tem tentado limpar seu nome, entre outras coisas, criando um departamento de conformidade global. Sua unidade norte-americana anunciou na terça-feira que criou um conselho independente para lidar com questões de governança, regulamentação e gerenciamento de riscos. O conselho de quatro membros incluirá o ex-presidente da Câmara dos EUA, John Boehner.

A JBS também anunciou um plano de desinvestimento de R $ 6 bilhões para reduzir o peso da dívida, informa FT. Já vendeu unidades na Argentina, Paraguai e Uruguai e colocou outros à venda no Canadá, EUA e Brasil. Iniciou um acordo de refinanciamento de dívida de US $ 20,5 bilhões com bancos, e suas ações estão recuperando algumas de suas perdas.

"A JBS quer colocar tudo lá fora e mostrar que é uma empresa diferente com uma mentalidade diferente", disse um analista. 

"Mas há muitos acionistas irritados lá fora, que acreditam que há danos colaterais".

"Se o conselho realmente quisesse sinalizar mudanças culturais, deveria ter retirado completamente a administração envolvida nos escândalos", completa.

Sérgio Lazzarini, professor da escola de negócios Insper, disse: "Se o conselho realmente quisesse sinalizar mudanças culturais, deveria ter retirado completamente a administração que estava envolvida nos escândalos e alinhar uma nova administração com diretrizes claras de transparência e ganhos de eficiência. "

A JBS diz que tomar medidas legais ou forçar Batista a deixar o cargo não seria do interesse dos acionistas. "Há razões concretas para concluir que a remoção de Batista, em consequência de ações legais contra ele, seria prematura e, portanto, prejudicial para a JBS, em particular para a estabilidade econômica e financeira da empresa e sua capacidade para prosperar comercialmente", disse.

A rebelião do BNDES é especialmente impressionante porque os críticos dizem que o banco de desenvolvimento foi um importante suporte da JBS para alcançar a liderança brasileira, liberando R$ 8 bilhões em empréstimos e capital próprio para a empresa e permitindo sua expansão agressiva no exterior, como no Reino Unido e Austrália. O governo brasileiro está atualmente pressionando para a reforma do funcionamento do BNDES.

> > Financial Times

A JBS enviou nota ao JB a respeito da reportagem acima. Confira:

JBS S.A comunica que a Assembleia Geral Extraordinária convocada para esta data não foi instalada. Em obediência à anexa decisão proferida nos autos do agravo de instrumento, interposto perante o Tribunal Regional Federal da 3a. Região, em que são agravantes FB Participações S.A., Banco Original S.A. e Banco Original Agronegócio S.A. e agravados a BNDES Participações S.A. - BNDESPAR e a Caixa Econômica Federal.

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