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Darze: “Autoridades falam sobre atrasos de salário como se fosse comum”

Hospitais estaduais não possuem condições básicas para atendimento à população

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A crise financeira pela qual o estado do Rio Janeiro enfrenta, faz da saúde pública, sua maior vítima. Por falta de condições de trabalho e sem receber seus salários, os médicos dos hospitais estaduais decretaram greve, e só estão fazendo atendimento de casos emergenciais. Além de condições estruturais precárias, familiares de pacientes estão levando ventiladores, pois os ares-condicionados não funcionam, e para piorar, algumas unidades dizem não ter nem mesmo Dipirona para receitar aos pacientes.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed-RJ), Dr. Jorge Darze, a questão cultural no Brasil é tão forte que os políticos acham normal os pagamentos dos trabalhadores estarem atrasados. E classifica a situação como desrespeito aos trabalhadores e usuários da saúde pública.

“Nossas autoridades falam sobre atrasos de pagamentos de salários como se isso fosse a coisa mais comum no mundo. Não associam o que isso representa para a vida dos profissionais, que atravessam situação de grande sofrimento.  Além disso, a lei protege nossos trabalhadores para que recebam os salários em dia. Chegamos a um patamar que precisamos dar um basta. Chega de desrespeito”, comentou Darze.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj-RJ), Pablo Vasquez, comentou que a situação chegou a um patamar tão grave que inclusive equipes médicas foram agredidas, e, culpou os governos federal, estadual e municipal pela situação da saúde.

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“O Cremerj vem recebendo uma série de denúncias, por parte de diretores e médicos, sobre a situação caótica nas unidades gerenciadas pelo Estado. Foram relatados, inclusive, casos de violência às equipes. Até o momento, profissionais de 15 UPAs notificaram o Conselho sobre o atendimento precário, e até mesmo o fechamento total de algumas dessas unidades. A culpa do caos que se encontra a saúde do Estado é dos governos federal, estadual e municipais. A população merece um atendimento digno, assim como os médicos têm direito a exercer a sua profissão com condições adequadas de trabalho”, lamentou Vasquez.

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), Maria Antonieta Tyrrell, lamentou a falta de condições para os profissionais da saúde realizarem suas atividades, e, segundo ela, as reclamações dos conselhos e sindicatos dos funcionários da saúde em relação às condições precárias de serviço, são todas baseadas em laudos técnicos de especialistas da área.

“Os conselhos profissionais estão cientes da situação, tendo sido notificados pelos profissionais de saúde. Inclusive estamos fundamentados com visitas técnicas que verificaram que é caótica a situação e que não depende unicamente dos profissionais o atendimento à população. Precisamos de uma estrutura apropriada para trabalhar”, comentou Maria Antonieta Tyrrell.

Antes de encerrar, Jorge Darze questionou sobre as prioridades financeiras adotadas pelo governo do estado e lembrou da quantidade de turistas que a cidade do Rio vai receber para as festas de fim de ano, em meio à dramática situação, o presidente do Sindicato dos Médicos torce para que nada mais grave ocorra.

“Eles dizem não ter dinheiro para pagar os salários dos profissionais de saúde mas assumem uma dívida de aproximadamente R$ 40 milhões da SuperVia, prosseguem as obras de ampliação da Linha 4 do Metrô e adotam vários compromissos com obras para as Olimpíadas. Ou seja, há recursos para algumas coisas, mas falta para a saúde pública e para pagar salários de quem cumpriu suas jornadas de trabalho. Como vamos receber turistas neste fim de ano sem nenhuma condição de atendimento nas unidades de saúde? Pode morrer muita gente. Vamos cobrar solução imediata.” Alertou.