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'Clarín': Os desafios que Temer já enfrenta

Reportagem afirma que presidente deve manter boa relação com PT 

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Matéria publicada nesta sexta-feira (2) pelo Clarín conta que os tuítes dos senadores brasileiros após o julgamento que cassou Dilma Rousseff, revelam um estado de ânimo irritado na base aliada do novo governo.

“Agora é cobrar decisões firmes do presidente Michel Temer e garantir governabilidade para a reconstrução do país”, tuitou o senador Ataídes Olveira, do PSDB.

“Álvaro Dias vota pelo impeachment, mas lamenta que Senado tenha mantido direitos de Dilma”, tuitou Álvaro Dias, do PSDB. Mais cedo, o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira tinha se pronunciado no mesmo sentido.

Segundo reportagem do Clarín o que os membros do PSDB registraram foi um “acordo” entre o PT e os líderes do PMDB (o partido de Temer) que levou a preservar a vida política da ex-presidente brasileira. E isso os “irritou”. Sentiram-se “traídos”, segundo declarações à imprensa. Mais tarde o próprio PSDB informou que tinha desistido de encaminhar o assunto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O jornal argentino ressalta que esse é um dos atritos mais recentes, mas está longe de ser o único. Um dos assuntos em que os tucanos e os partidários de Temer divergem são os aumentos que serão dados agora ao Judiciário. O Palácio do Planalto já tomou a decisão e os aumentos serão outorgados mesmo com os protestos esboçados pelo PSDB. 

Razões de todo tipo explicam essa divergência. A mais importante é que os homens do grupo de Temer têm várias ocorrências judiciais pendentes e pretendem enterrá-las o mais rápido possível. Isso indica que o novo presidente não pretende se desfazer totalmente de seus antigos aliados do PT, da mesma maneira que o PT também não irá apresentar dificuldades “que não forem estritamente necessárias”, como disse ao Clarín um importante dirigente da nova oposição.

O jornal argentino acrescenta que essas são as águas agitadas onde o presidente do Brasil deverá se mover daqui em diante. Ele conseguiu reunir votos para obter sua ansiada consagração. Agora terá que lidar com um ninho de marimbondos. Se o cenário fosse de estabilidade econômica e social talvez não fosse tão difícil. Afinal, sua principal especialidade é a de chegar a acordos entre diversas forças. Mas acontece que a situação do Brasil se tornou dramática: entre maio e julho o desemprego atingiu 11,6% da população economicamente ativa. E nesse mesmo período a queda do PIB foi de 0,6%. É o sexto trimestre consecutivo de recessão no país.

O Clarín informa que em números absolutos, o segundo trimestre mandou para a rua 436.000 novos desempregados. E, no total, atualmente 11,8 milhões de brasileiros não têm trabalho. Com esses números em mente, o presidente Temer viajou na quarta-feira (31) para a China. Ali ele será recebido por Xi Jinping em uma reunião bilateral. A Petrobras informou que existe um plano para conseguir investimentos chineses na área petrolífera. Temer aproveitará a reunião de cúpula do G-20 para se encontrar com autoridades das primeiras potencias mundiais.

Os EUA enviaram um comunicado à imprensa muito contemporizador: “Temos visto reportagens de que o Senado brasileiro, em acordo com a ferramenta da Constituição do país, votou para remover a presidente Dilma Rousseff do poder”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby. “Estamos confiantes que vamos continuar o forte relacionamento bilateral que existe entre os dois países”, disse ele.

É altamente provável que, nesse contexto, as autoridades norte-americanas apoiem Temer e seus ministros na reunião do G-20 na China, opina o Clarín em seu texto.

“Os EUA cooperam com o Brasil para resolver questões de mútuo interesse entre as duas partes e os desafios globais mais prementes. Planejamos continuar com essa colaboração essencial”, disse Kirby.

É muito difícil imaginar que outros presidentes do Primeiro Mundo deixem Temer de lado.

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