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Conselho de Ética encerra reunião sem votar parecer pela cassação de Cunha

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O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), encerrou a reunião sem votar o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pela cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Rogério pediu mais tempo para analisar o voto em separado apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), que pediu, no lugar da cassação, a suspensão do mandato do peemedebista por três meses. A votação do parecer foi adiada para esta quarta-feira (8). 

“Não poderia, por dever de lealdade, fazer a análise de forma açodada. Para fazer essa análise mais detalhadamente, poderia apresentar as alegações finais ainda nesta quarta-feira”, disse Rogério. 

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Manobra

Contudo, há a interpretação de que a suspensão se deveu por causa da constatação de que Cunha seria absolvido caso a votação ocorresse nesta terça-feira. Considerada voto decisivo, a deputada Tia Eron (PRB-BA) não apareceu na sessão. Com isso, seu suplente Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores de Cunha, poderia votar no lugar dela, uma vez que ele foi o primeiro a se inscrever. Com isso, o placar no Conselho ficaria 11 a 9 a favor de Cunha. Os deputados interpretaram que a ausência de Tia Eron seria uma manobra para livrar Cunha da cassação.

A assessoria da deputada disse que ela iria aparecer na hora da votação, mas não soube dizer o motivo da ausência durante toda a sessão. Tia Eron deu uma rápida entrevista na saída do gabinete da Liderança do PRB, afirmando que sofre pressão é da imprensa e que irá analisar o relatório paralelo apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), aliado de Cunha, que troca a cassação do mandato por uma suspensão de três meses.

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Parecer

O parecer foi apresentado na reunião da última quarta-feira (1), mas um pedido de vista conjunta adiou a discussão do parecer. Marcos Rogério recomendou a cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro. O relator acusa Eduardo Cunha de ter mentido à CPI da Petrobras ao declarar que não possuía contas no exterior.

De acordo com  o relator, a partir de documentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Banco Central, “os trustes instituídos pelo deputado Eduardo Cunha representam instrumentos para tornar viável a prática de fraudes”.

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O advogado de Eduardo Cunha, Marcelo Nobre, rebateu as acusações e reafirmou que truste não é conta bancária e não pode ser considerado propriedade, por isso, Cunha não teria mentido na CPI da Petrobras. “Truste não é propriedade. Não se pode considerar um truste como um bem seu”, afirmou.

Marcelo Nobre justificou que a Receita Federal não autuou seu cliente por contas no exterior, porque elas não existem. “Por que a Receita não autuou meu cliente? Porque não existe [conta no exterior]. A Receita é formada por gente séria, competente e atuante. Eles não fizeram nada, porque não existe”, defendeu o advogado.

Bate-boca

Durante a sessão, os deputados Zé Geraldo (PT-PA) e Wladimir Costa (SD-PA) bateram boca, com Wladimir chamou o colega de "vagabundo", "bandido" e "ladrão safado".

A discussão começou depois que Zé Geraldo pediu a palavra para dizer que Wladimir Costa foi denunciado à Justiça sob suspeita de desviar salários de seus assessores para seus irmãos e também por supostas irregularidades no recebimento de recursos por uma ONG ligada a ele.

"O deputado Wladimir, nem se lavar a boca com soda cáustica durante uma semana, ainda ele não pode falar mal do PT e da presidente Dilma. Esse parlamentar no Pará tá mais sujo que pau de galinheiro", afirmou Zé Geraldo.

Wladimir reagiu: "O senhor é vagabundo, bandido". Cala a tua boca, vagabundo. Você é ladrão safado". O petista rebateu chamando o adversário de "picareta". Wladimir Costa é contra a cassação de Cunha, enquanto Zé Geraldo é favorável. 

* Da 'Agência Câmara Notícias'