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Palavras do deputado Paulo Ramos em audiência sobre estupro geram mal-estar   

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O deputado Paulo Ramos (PDT) causou mal-estar na audiência sobre casos de estupro no estado do Rio, realizada na quinta-feira (6), na Alerj, ao dar a entender que a "força da natureza humana" e a "realidade social" contribuem para que ocorra o crime entre parentes ou desconhecidos.

A audiência foi promovida pela Comissão dos Direitos da Mulher, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj)e presidida pela deputada estadual Inês Pandeló. Na ocasião, além de políticos, havia vários movimentos em defesa da mulher e do combate ao estupro no estado, que não gostaram do tom da conversa do parlamentar.

Ao se referir, por exemplo, aos ônibus da cidade, ele disse que é necessário que o poder público vislumbre uma separação entre mulheres e homens, como acontece nos trens e metrôs para evitar o estupro e o "desrespeito" às mulheres. “É preciso que interfiram no transporte público, que coloca compulsoriamente o contato entre homens e mulheres. E aí, todos compreendem, e eu compreendo, a força da natureza", declarou ele.

Já sobre os dados de que a violência contra a mulher se dá principalmente dentro de casa, alcançando mais crianças, que são vulneráveis, o deputado justificou a incidência como resultado das pequenas e "desconfortáveis" casas, que propiciariam a "intimidade entre parentes, inclusive pais e irmãos": "Quanto mais desconfortável a habitação, a intimidade, onde cinco, seis pessoas moram... É irmão dormindo ao lado da irmã, pai dormindo ao lado da filha. E a noite, quando as coisas acontecem involuntariamente, vêm as manifestações da natureza”, avaliou Paulo Ramos, explicando que a "realidade social [das famílias] impõe o crime".

Apesar da "saia justa", o político tentou se retratar, mas sem efeito, já que o teor da fala desagradou o público. Ele sugeriu que haja “um dia de folga por ano para que as mulheres façam exame de colo de útero e o preventivo” e pediu "respeito às mulheres". “(...) É preciso também que na formulação de propostas para a solução [para reduzir os casos de estupro] também incorporemos um respeito que abrange homens e mulheres”, concluiu.