Ciclo Renovado

Foto:PaulaReis/Flamengo
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Existem vitórias que parecem que estavam escritas antes da última do cronômetro. A vitória deste último sábado (3), da Copa Super 8, é uma dessas. Tudo que o público que acompanha ou não-iniciado no basquete espera de uma partida foi entregue pelos condutores do espetáculo. Tivemos um ótimo jogo, disputado até o final, heróis em quadra, duelo tático dos técnicos, uma arbitragem segura, um Maracanãzinho lotado e um clima de civilidade elogiável por parte de todos envolvidos.

Para alegria dos mais de 4 mil torcedores rubro-negros que compareceram à final da Copa Super 8, o Flamengo do técnico Gustavo de Conti venceu a Unifacisa por 83 a 77 em uma disputa que fez jus ao alto nível de competitividade da competição (não conhece o Super 8? Consulte aqui).

Vamos ao jogo

As defesas estavam sufocantes no primeiro quarto. Pelo lado da Unifacisa, o técnico César Guidetti não quis saber de deixar Gui Deodato livre e aplicava a dobra no jogador. Já o Fla, protegeu o garrafão com a altura e agilidades de Gabriel Jaú e Filipoty. Deu certo. Se não fosse o excelente aproveitamento de Rafael Rachel (3 de 3 no primeiro período), o time de Campina Grande poderia ter começado o segundo período em uma desvantagem maior (23 a 19 para o Fla). No segundo período, toda vez que o Flamengo conseguiu uma corrida no placar, a Unifacisa chegava. Aí que começaram a funcionar as peças e mexidas do técnico Gustavo de Conti. Faltavam 2:51 para terminar o segundo quarto, e a Unifacisa se aproximava perigosamente do placar, ficando somente 4 pontos do Fla, 42 a 38. Gustavinho sabia que se fosse para o vestiário em desvantagem no placar e deixasse o controle do jogo para o adversário, a partida poderia escorrer pelas mãos. Pedido de tempo feito, e o Fla voltou muito bem para fechar o primeiro tempo por 43 a 38.

Esse grupo do Flamengo tem uma característica curiosa. O aproveitamento e intensidade com que a equipe retorna para o terceiro período são absurdos. E foi exatamente isso que aconteceu. Com Maique em quadra, a partir dos sexto minuto do terceiro quarto, o Flamengo deslanchou. Atacando a cesta, sem abusar da bola de 3 pontos, o Maracanãzinho subiu o volume quando o Fla colocou mais de 15 pontos de vantagem sobre a Unifacisa, e basicamente encaminhou o título. Vale uma ressalva aqui. O time da Unifacisa teve um calendário terrível para esse Super 8. Desde sábado, o time vive entre viagens longas e jogos decisivos. Nas duas vitórias da competição, a Unifacisa jogou no sábado, dia 27 de janeiro, em Franca (vitória de 94 a 92), para encarar um dificílimo Minas (91 a 86) em Belo Horizonte, na quarta, dia 30 de Janeiro. Não tem como não dizer que pesou. O cansaço era visível do time. Talvez por isso, o aproveitamento tão baixo nos arremessos de quadra (37%), e jogadores importantes como Antonio (4 arremessos convertidos de 24 tentados) com números tão baixos.

Mesmo assim, o time de César Guideti tirou forças da alma para disputar até o último segundo do último período. A Unifacisa tirou a diferença do placar, e com 30 segundos chegou a ficar a 6 pontos do Fla (83 a 77). No final, os lances-livres de Scott Machado e Didi decidiram o jogo para o Flamengo. Cronômetro zerado, e o Flamengo volta a vencer um título nacional depois de quase dois anos de seca.

Didi parte para a cesta Foto:PaulaReis/Flamengo

Esse Super 8 pode ser um divisor de águas não só para esse time de basquete do Flamengo, mas para o projeto como um todo. Isso porque, além da vitória em quadra, o Flamengo teve diversas vitórias fora dela. A ideia da promoção utilizando os pontos do sócio-torcedor, onde era possível resgatar até 2 ingressos, foi excelente. Alguns puristas reclamaram que não era a verdadeira torcida do Fla, e sim uma “Fla-selfie”. Uma bobagem. O importante era colocar pessoas no ginásio e isso o Fla conseguiu. Quatro mil pessoas aplaudiram o time e vibraram até o final. Fazia tempo, desde 2016, que a torcida não estava presente para as grandes conquistas do FlaBasquete, e a presença dela fez a diferença. E parabéns à torcida do Fla, que aplaudiu com um respeito absurdo a premiação aos jogadores da Unifacisa. Uma demonstração de civilidade necessária nestes tempos tão polarizados. Bravo.

Outra vitória importante foi ouvir a torcida gritar a plenos pulmões os nomes de jogadores Didi, Scott Machado, Jaú, Gui Deodato, Balbi e, é claro, Olivinha. Essa interação “humana” e visceral, nenhum “like” de rede social atingirá. Destes jogadores, Didi começa a bater na porta para ser um futuro grande ídolo da torcida. Decisivo na semifinal (não se lembra? Está aqui), todos os pontos e decisões de Didi foram decisivas (16 pontos e 4 assistências) para a vitória. Se fosse da diretoria do Flamengo, ja começaria a pensar em um contrato de longo prazo para Didi. Falando em outra prateleira, já conversamos bastante aqui neste espaço sobre Gabriel Jaú. Talento para ser um dos melhores do país, Jaú tem. Precisa de uma grande partida. Não precisa mais. Com seus 31 pontos contra o Bauru no começo do Super 8, e a atuação segura na final (16 pontos e 11 rebotes), Jaú foi fundamental para o título e acabou como o MVP da Copa Super 8 (essa semana farei o balanço do Super 8 e abordarei com mais calma esse item do MVP).

Por fim, na comemoração após a vitória, em conversa com um ensopado técnico Gustavo de Conti, perguntei ao técnico do Flamengo se o triunfo no Super 8 é a volta do ciclo de vitórias do Flamengo, ele sorriu e disse: “espero muito que sim”.



Olivinha fez a festa pela conquista do Super 8
Didi parte para a cesta


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