A agência de classificação de risco Fitch acaba de rebaixar o rating soberano do Brasil, tirando sua nota de investimento. A nota da dívida de longo prazo do país em moeda estrangeira foi reduzida de BBB- para BB+, primeiro degrau em terreno especulativo. A perspectiva da avaliação continua como negativa, indicando que novos rebaixamentos podem acontecer em breve.
Conforme o JB antecipou na manhã desta quarta-feira (16), a decisão do governo de revisar a proposta de superávit primário de 2016 de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,5% - com possibilidade de zerar o valor, caso a economia não se recupere na velocidade esperada - agravou a preocupação das agências de risco sobre o cenário fiscal brasileiro.
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A decisão foi entendida pelo mercado como uma estratégia da presidente Dilma Rousseff de evitar desgastes no Congresso e ter a proposta aprovada mais facilmente pelos parlamentares oposicionistas, que defendiam a meta zero. Por outro lado, o ministro da Fazenda Joaquim Levy insistia na economia de 0,7% do PIB e argumentava que a revisão poderia passar um recado negativo ao mercado financeiro.
A proposta de revisão do governo ainda precisa ser aprovada no Congresso Nacional. A votação estava inicialmente prevista para ontem, mas acabou sendo adiada para esta quarta. Há uma semana, durante reunião na Comissão Mista de Orçamento (CMO), Levy declarou a parlamentares que deixaria a Fazenda caso a meta fosse reduzida. Depois, tentou abafar o mal estar gerado pela declaração e desconversou sobre sua saída do cargo.
De olho na Moody's: agência é a única que mantém grau de investimento do Brasil
A Fitch é a segunda das três grandes agências de risco a colocar o Brasil em terreno especulativo: em setembro, a Standard & Poor's havia tirado a "nota de bom pagador" do país, em resposta a revisão da meta fiscal deste ano para déficit de R$ 119 bilhões. O rating do país foi rebaixado de "BBB-" para "BB+", também com perspectiva negativa.
Com a perda do selo na avaliação de duas agências internacionais, fundos internacionais de investimento não poderão aplicar seus recursos no Brasil - o que irá desencadear um processo de fuga de capitais do país.
Agora, apenas a Moody's mantém o selo de bom pagador brasileiro. Na semana passada, porém, a agência deu um recado de desconfiança em relação ao cenário fiscal do país e colocou sua nota de crédito soberano em revisão para possível rebaixamento. Em comunicado, disse que se posicionaria em relação ao rating do Brasil dentro de três meses. Analistas entendem que a revisão da meta fiscal de 2016 poderá acelerar esse posicionamento.
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