Cidades Inteligentes

Por Ricardo Salles

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CIDADES INTELIGENTES

Unidas pelo desenvolvimento

Nenhuma cidade se desenvolve isoladamente, as vizinhas se organizam para que uma contribua com a outra e esta ação é a arma para o desenvolvimento

Publicado em 08/01/2021 às 21:34

Alterado em 12/02/2021 às 10:04

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Nenhuma cidade se desenvolve isoladamente, as cidades vizinhas se organizam para que uma contribua com outra e essa ação é a arma do desenvolvimento.

Algumas verticais são fundamentais para o desenvolvimento da região metropolitana, a segurança, o saneamento e a logística. Precisamos disponibilizar ouvidos e dar voz ao empresariado fluminense. Em uma só voz levarmos caminhos aos gestores públicos para atendimento às nossas necessidades.

Uma visão sistêmica nos levará à gestão integrada e consequentemente a uma convergência setorial, como muito bem descreveu o eng. Renato Regazzi em seu livro. Regazzi é um lutador em prol do associativismo, ele é especialista em desenvolvimento e gerente do Sebrae-RJ.

As cidades devem ter técnicos no comando das pastas e estes técnicos devem estar prontos à interlocução com os diversos segmentos da sociedade. As soluções mais adequadas são aquelas construídas através do debate. Um exemplo a ser destacado é o da nova gestão da cidade de Queimados, com aproximadamente 150.000 habitantes e PIB de R$3.7 milhões, o prefeito Glauco Kaizer selecionou um time de técnicos onde 70% é composto por mulheres. Dayane Aragoso, que compõe o grupo chefiando as secretarias de Comunicação e a de Projetos Especiais e Gestão de Convênios, afirma que, assim como fez em Nova Iguaçu na gestão passada, trará sua experiência para neste fórum discutir e colaborar de forma efetiva na transformação de Queimados. Ela afirma ainda que “a inovação é uma meta que deve ser buscada incessantemente, porém a busca de recursos e a eficiência na execução é fundamental para o sucesso.”

Marcelo Kaiuca, presidente da ASDINQ – Associação das Empresas do Distrito Industrial de Queimados, afirma que atua no município há mais de 30 anos, conhece os desafios e pode apontar caminhos. Segundo Kaiuca, existem ações muito básicas a serem realizadas antes de se pensar na construção de cidades inteligentes conforme vemos nos países mais desenvolvidos. Dentro das ações estruturantes está o Saneamento, “não há como considerar uma cidade adequada quando se coleta menos de 30% do esgoto e nada é tratado”, afirma Kaiuca. A segurança é outro fator, continua Kaiuca, que não deve ser desassociado do desenvolvimento.

Ligada diretamente à segurança está a logística. “Hoje temos uma rodovia de extrema importância e fundamental para o desenvolvimento da região metropolitana, o Arco Metropolitano, completamente desmantelada e insegura”, complementa Kaiuca.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Queimados, Anezio de Azevedo, e seu diretor José Bittencourt Filho - Zuzinha, destacam que não há como se considerar que serviços de extrema importância não sejam encontrados em Queimados, que não haja transporte público adequado de integração com metrô Pavuna”, diz Zuzinha. Anezio afirma que está pronto a colaborar e interagir para melhorar o ambiente de negócios em Queimados.

Há quase 80 anos, a Associação Comercial e Industrial de Nova Iguaçu - ACINI luta em prol do empresariado, na melhoria do ambiente de negócios na cidade e em estreita relação com outras entidades. Renato Jardim está à frente da entidade há mais de 10 anos e entende que está mais do que na hora de juntarmos esforços. Nova Iguaçu é um importante polo econômico do Rio de Janeiro, hoje com quase 1 milhão de habitantes e PIB de R$14 bilhões, tem um IDH – Índice de Desenvolvimento Humano de 0,713, considerado médio, porém, só como referência, menor que o de Acari que é um bairro de classe baixa e média baixa da Zona Norte do município do Rio de Janeiro, faz limites com os bairros Pavuna (IDH 0,79), Costa Barros (IDH 0,713), Coelho Neto (IDH 0,806), Parque Colúmbia (IDH 0,72) e Irajá (IDH 0,798).

Renato afirma que “precisa haver uma melhoria no calçadão de Nova Iguaçu, são mais de 250 mil pessoas circulando diariamente, estas pessoas não têm à disposição transporte adequado. Há uma grande dificuldade de mobilidade até mesmo dentro do município. Quando saímos de Nova Iguaçu, outro problema, a Via Light não dá vazão e a Dutra fica congestionada, uma alternativa seria o Arco Metropolitano, mas a insegurança não faz dele uma opção,” afirma Renato

Marcelo Tenório, que inicia sua gestão na presidência da Associação Comercial e Industrial de Duque de Caxias – ASCIDC, terá um grande desafio pela frente, pois Duque de Caxias tem um enorme potencial e empresariado muito bem preparado para as novas realidades do Brasil. Com mais de 1 milhão de habitantes e PIB de R$25 bilhões, é uma das maiores economias do Estado do Rio. Ainda sofre com o IDH de 0,711 que é ainda inferior ao de Nova Iguaçu, mesmo tendo o dobro do PIB. O comércio de rua de Caxias só perde para a 25 de março em São Paulo, para o Saara e o de Campo Grande no Rio e o de Nova Iguaçu, mas sua pujança é incontestável. Já pensou em como seria cruzar da Rodoviária Novo Rio para Caxias de barca? Como estaria desafogada a Linha Vermelha?

Todos os desafios acima destacados precisam de soluções inteligentes. Como já temos falado aqui, a construção de cidades inteligentes pode ser simples, o mais difícil é a sintetização das necessidades contextualizadas em um cenário expandido, onde cidades vizinhas se complementam. Sabemos que a questão da segurança deve ser pensada envolvendo um conjunto de cidades, veículos circulam muito rapidamente e se roubados, por vezes cruzam 2 ou 3 municípios em menos de 10min. O saneamento, que é um outro desafio grande, pode ser potencializado se considerarmos a geração de energia por biodigestão com o lodo. Na mobilidade existem alternativas viáveis e mais baratas que o alargamento de vias, até mesmo distribuindo serviços pela cidade com solução de reurbanização. Não fica fora das necessidades que o desenvolvimento traz, a Energia e que ela seja o mais limpa possível, se usado o lixo para isso.

Será agendada uma primeira reunião com a ACRJ para alinhamento de necessidades e estudos de viabilidade, sabemos que a Prefeitura de Nova Iguaçu e agora Queimados estão bem preparadas para dar respostas rápidas, seja na inovação ou mesmo na busca de recursos. Recursos estes que, conforme dito pelo Dr. Eduardo de Souza Gouvea - OAB, estão à disposição, principalmente para projetos estruturantes.