Se ainda nos preparativos para o carnaval deste ano a Unidos de Vila Isabel foi coberta de elogios pela escolha de seu samba, composto por nomes como Arlindo Cruz e Martinho da Vila, depois do desfile, a paparicação deve ser estendida às alegorias, carros, fantasias e evolução. Num dia recheado de problemas em carros alegóricos de diversas agremiações, a Vila Isabel que já era favorita ao título desponta para o primeiro lugar no ranking. Difícil vai ser encontrar uma concorrente à altura.
Com um grande caixote na comissão de frente, a Vila representou o transporte dos alimentos do campo para a cidade. Os carros grandes e luxuosíssimo, marca da experiente carnavalesca Rosa Magalhães, impactaram o público. Todos estavam muito bem iluminados.
O azul e branco cederam lugar ao verde, para que o Brasil rural e os hábitos do homem do campo fossem representados. Uma observação que não necessariamente precisa ser encarada como problema é que algumas alas estavam muito parecidas. Muito milho, muita palha. A carnavalesca construiu as alegorias de maneira bem linear. Com alas de sementes, plantação de algodão, imagens de plantação e também de devastação.
>> Beija-Flor derrapa com mangalarga, abre buraco e pode estar longe do título
>> Com duas baterias, Mangueira sacode a Sapucaí, faz paradona e desvenda Cuiabá
>> "Maior desafio da Mangueira é com ela mesma", diz Ivo Meirelles
>> São Clemente: viúva Porcina e Carminha sambam na Sapucaí
>> “Nível das escolas está muito fraco”, diz vice-presidente da São Clemente
Destaque para a fantasia das baianas. Todas vestidas de joaninha - insetos benéficos para o desenvolvimento das plantações. Um dos muitos destaques de chão, Bianca Ferreira vestiu-se de o verde da plantação. Com pedras brilhantes verde e prateada, a integrante abriu espaço para o carro "Ciclos da vida e da morte na natureza". O carro mesclou tons de verde forte com imagens de destruição de plantações.
À frente dos rimistas da Azul e Branco, a apresentadora Sabrina Sato veio fantasiada de "O pássaro do campo". Os integrantes da bateria, por sua vez, eram espantalhos. Depois foi a vez dos girassóis marcarem o terceiro setor. O carro que levou o nome da flor marrom e amarela representou o cultivo do homem no campo.
Já no final do desfile os destaques foram o prefeito Eduardo Paes e o cantor e compositor Seu Jorge. A dançarina Quitéria Chagas veio representando as festas caipiras.
Quem achou que o enredo patrocinado ingessaria e prejudicaria a escola, enganou-se. Os mais de R$ 3 milhões garantidos pela empresa de fertilizantes BASF contribuíram muito para a qualidade do material das alegorias e para o luxo dos carros. Não fossem algumas alas muito parecidas, o carnaval da Vila neste ano poderia ser considerado o melhor da noite.