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Deputado pede audiência para avaliar crateras nas obras do metrô em Ipanema

Consórcio diz que rocha desprendida durante escavações causou o acidente e tatuzão vai continuar

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O deputado Luiz Paulo (PSDB-RJ) entrou esta semana com um requerimento na Comissões de Transporte e de Obras do Rio de Janeiro pedindo a realização de uma audiência pública para as autoridades esclarecerem o surgimento de duas crateras na rua Barão da Torre, em Ipanema, Zona Sul da cidade, em função das obras de expansão do metrô. Na ação, o deputado pede que sejam convocadas para os moradores da região, o Consórcio Linha 4 Sul, as secretarias de Estado de Transportes e da Casa Civil, além da Defesa Civil do município. 

Em nota, consórcio diz que o acidente foi provocado por um comportamento anormal e pontual de uma rocha fraturada que se desprendeu durante a escavação do túnel. A Linha 4 afirma ainda que o chamado tatuzão é o melhor método para esse tipo de obra e vai continuar a ser utilizada nas escavações em Ipanema. 

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As crateras apareceram na madrugada do dia 14 de maio e provocaram pânico entre os moradores dos prédios do local. A Defesa Civil paralisou as obras da Linha 4. De acordo com Luiz Paulo, que é engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os afundamentos na rua se devem em função da ação do tatuzão, máquina que está perfurando o túnel em uma região arenosa. “Um dia o mar chegava até ali e a areia é um dos solos mais complexos para você fazer escavação, pois os grãos não se unem”, explica.

O parlamentar diz pode ter havido fuga de areia no momento em que o tatuzão ia furando o solo, desestabilizando a superfície do entorno e provocando o afundamento. “Pode ter havido infiltração de uma galeria de água fluvial que se rompe ou então de uma pequena adutora, o que também pode promover fuga de areia”.

Para o deputado, o principal esclarecimento que as autoridades podem fornecer é se houve falha no projeto, na execução ou se houve questões imprevisíveis. “Na forma como esse projeto foi desenvolvido, sem licitação e sem estar no planejamento metroviário da nossa cidade, as hipóteses de um projeto incompleto ou de uma falha na execução, ou até mesmo as duas associadas, é uma hipótese provável”, avalia Luiz Paulo.

Luiz Paulo afirma que é necessário profissionais habilitados do ramo vistoriando o local e propondo soluções técnicas para se evitar riscos de outros afundamentos, de abalo de qualquer prédio da Rua Barão da Torre para que a obra possa ter continuidade. “É fundamental para que os moradores do local, que já têm o seu cotidiano profundamente afetado pelas interdições, possam dormir em segurança, porque estão todos profundamente assustados”, concluiu.

"Tatuzão" fica, diz consórcio

O consórcio Linha 4 do metrô, que engloba as construtoras Odebrecht Infraestrutura, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão, informou em nota, nesta terça-feira (20/5), que o resultado das análises do assentamento de solo ocorrido na madrugada de 11 de maio, na Rua Barão da Torre, "demonstra que o incidente foi causado por um comportamento anormal e pontual na face de uma rocha fraturada durante a escavação do túnel do metrô no subsolo da via". O consórcio explica que a rocha se desprendeu e afetou pequenos blocos vizinhos, ocasionando a descompactação do terreno. "Desse modo, o processo evoluiu até a região de solo arenoso, e repetidamente até chegar à superfície.", diz o comunicado.

O estudo mostra ainda que quatro fatores foram essenciais para que o incidente tenha sido localizado e restrito: o método de escavação empregado, o tratamento prévio do solo, o monitoramento da estabilidade do terreno e das edificações do entorno, e a pronta aplicação do Plano de Contingência e Emergência de forma eficiente. A concessionária afirma que, assim que foi constatado o primeiro desnível na superfície, a área foi isolada, a escavação suspensa e também foi verificado que não havia nenhum risco para as fundações dos edifícios do entorno, "pois tratava-se de um evento localizado. Com a área isolada, os serviços de água e gás foram interrompidos e as cavidades, preenchidas com concreto.", garante o consórcio. 

A nota ressalta que obras desse porte exige que os imóveis da região das escavações dos túneis e estações devem ser monitorados permanentemente, e os prédios recebem instrumentos (pinos de recalque e clinômetros) que possibilitam o acompanhamento de como as edificações se comportam antes e durante as obras. "Todas as medições desta instrumentação estão dentro dos limites esperados, sem risco para as edificações.", afirma a nota se referindo às edificações da Barão da Torre. Diz ainda que  o 'Tatuzão' é o equipamento mais adequado e seguro para executar esse tipo de obra na Zona Sul do Rio e que o método será mantido. 

Os estudos identificaram também a necessidade de fazer um tratamento prévio de solo na região da Rua Barão da Torre, por ser um trecho de desemboque na transição da rocha para a areia, com rochas fragmentadas e água - "característica que não se repete nestas configurações ao longo do traçado do túnel". Segundo o consórcio Linha 4, foi injetado calda de cimento no subsolo antes de iniciar as escavações, para minimizar a diferença entre as características de materiais encontrados no terreno. Este procedimento contribuiu para que o incidente tenha sido localizado, como mostra o resultado da análise do assentamento de solo na Barão da Torre.

Para retomar a obra de construção do túnel entre Ipanema e Gávea, o Consórcio vai iniciar nos próximos dias serviços que devolvam a coesão ao terreno. Serão feitas injeções de cimento no solo, além de adotadas outras medidas no processo de escavação para evitar novos incidentes, com o uso de polímero de alta densidade aliado a material selante.