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Garis e Comlurb reunidos. Mais de mil manifestantes aguardam pela decisão

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Foram detidos no final da tarde três garis que conversavam com colegas de trabalho em Copacabana, tentando convencê-los a aderir à greve. A informação foi confirmada pela Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Advogados do Brasil. Ainda não há informações oficiais sobre os motivos que levaram os garis à 12ª DP. Representantes da Comissão estão a caminho da delegacia.

Representantes do grupo de garis que aderiram à greve da categoria no Rio de Janeiro estão reunidos na tarde desta quarta-feira (5/3) com a direção da Comlurb e membros da Defensoria Pública para discutir as 300 demissões anunciadas pela prefeitura nesta terça-feira (4), além das reivindicações dos trabalhadores e os rumos do movimento. O encontro acontece na sede da companhia, na rua Major Ávila, no bairro da Tijuca, Zona Norte da cidade. Do lado de fora, mais de mil pessoas aguardam a decisão da reunião e, segundo manifestantes, se não houver acordo o grupo deve caminhar novamente até a prefeitura, na Cidade Nova, passando pelo Maracanã e ruas do Centro. 

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Nesta quarta (5), uma determinação da Justiça do Trabalho dobrou o valor da multa - de R$ 25 mil para R$ 50 mil -  para o sindicato dos garis, referente a cada dia de descumprimento do acordo que estabelece o retorno imediato da coleta de lixo na cidade. Um oficial de justiça realizou visitas às gerências da Comlurb em diversos pontos do Rio, após a empresa denunciar que os garis que não aderiram à paralisação estavam sendo impedidos de trabalhar pelos grevistas. A companhia disse ainda que a decisão é do Desembargador José da Fonseca Martins Júnior, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, e acrescenta que os líderes do movimento podem ser demitidos por justa causa.

Segundo o representante da ONG Fórum de Lutas, que acompanha as manifestações dos garis desde sábado, Thietlo Bertola, alguns garis foram notificados das suas demissões através de cartas. Mas na tarde desta quarta, os trabalhadores recebiam o chamado para comparecimento ao departamento de Recursos Humanos por mensagem de texto no celular ou por correio eletrônico. "Eles estão tentando agilizar as demissões", disse Bertola. “Na verdade foram 310 pessoas demitidas por carta. Mas algumas estavam de folga, outras nem estavam na escala”, contou Maria Paes, uma das líderes grevistas, durante uma entrevista ao Portal Terra.

A reunião dos garis com a Comlurb e Defensoria Pública está sendo acompanhada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Marcelo Chalréo, que pretende evitar qualquer ato de opressão contra os manifestantes. "Apesar da grande adesão, mais de mil garis do lado de fora da Comlurb, o ato é pacifico e os policiais do Batalhão de Choque acompanham a movimentação", contou ele.

Para Chalréo, a prefeitura podia ter evitado a greve esgotando todas as possibilidade de negociação com a categoria. O advogado descreveu uma atitude negligente do prefeito Eduardo Paes - "ele fez como um avestruz, enfiou a cabeça num buraco para negar qualquer negociação com os trabalhadores". Chalréo disse que o movimento de greve dos garis já vinha se desenhando há muitos dias e o governo não acreditou nos alertas dos trabalhadores. "Esse foi o resultado da incapacidade da prefeitura em negociar com os seus funcionários, que num primeiro momento teve a atitude equivocada de negar a paralisação e só admitiu o movimento porque a cidade ficou tomada pelo lixo. O prefeito tinha que tomar providências acautelatórias para resolver o problema de imediato. Isso somado à um sindicato frágil e que não conta com o apoio da classe, precipitou uma situação muito ruim para toda a população", disse o jurista.