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Incêndio em boate: corpo de tenente é velado em clima de consternação no Rio

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Dezenas de pessoas, entre familiares, amigos e colegas do Exército, acompanham, em clima de forte consternação, o velório do tenente Leonardo Machado de Lacerda, de 28 anos, que morreu no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada do último domingo. A cerimônia acontece no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. A família do tenente pediu aos jornalistas para se manterem afastados do local, e também solicitou aos representantes do Exército que foram ao velório para que não realizassem homenagens além das que já estavam sendo prestadas pelos presentes.

Durante o incêndio, o tenente Leonardo Lacerda conseguiu deixar a boate, mas decidiu voltar para o interior para ajudar outras vítimas. Ele chegou a socorrer uma colega, mas decidiu entrar novamente e acabou morrendo intoxicado pela fumaça.

 O coronel Mário Fonseca, que foi representar o Comando Militar do Leste no velório, destacou a bravura de Leonardo. "Ele já tinha saído e voltou para salvar outro oficial. Depois, de tirá-lo da boate, voltou mais uma vez. Esta é uma atitude inerente aos oficiais do Exército". 

Juntamente com o coronel estavam dez homens representando o 2º Regimento da Cavalaria. O objetivo era prestar uma homenagem especial ao tenente, mas a família preferiu que ela não acontecesse. Mesmo assim, o coronel Fonseca admite a possibilidade de o Exército conceder postumamente ao tenente alguma honraria. O corpo de Leonardo será cremado por volta das 17h40.

Marcelo Moreira, 73 anos, vizinho do tenente em Copacabana, lamentou a morte do jovem. "O garoto era o filho que todo pai queria ter. Nunca se metia em confusão, não fumava, não cometia excessos. Morreu como herói", disse. 

A amiga do jovem tenente, Mariana Dutra, 26, estava visivelmente abatida: "Não caiu a ficha ainda". Ela conta que a família passa por um momento de muita dor, mas tenta se conformar de que foi uma escolha de Leonardo - assumir o risco ao voltar para a boate - morrer como herói.

O corpo da outra carioca morta na tragédia, a capitã médica Daniele Dias de Mattos, está no Hospital Central do Exército, em Benfica, na Zona Norte do Rio, onde trabalhava. Ela só será sepultada amanhã, no Cemitério de Inhaúma, porque o pai estava no exterior.

Os corpos dos dois militares chegaram na noite desta segunda-feira ao Rio de Janeiro. Leonardo estava no primeiro regimento de carros de combate de Santa Maria há apenas 15 dias. Já Daniele estava de férias e visitava junto com o noivo, Herbert Magalhães Charão, que também morreu no incêndio, amigos que tinham na cidade, onde ela serviu de 2006 a 2011.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo (27)em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

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Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

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A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

* Do Projeto de Estágio do JB