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RJ: sem resistência, Marinha e PM ocupam Complexo de Manquinhos

Dois blindados da Marinha fazem o reconhecimento de terreno na manhã deste domingo (14)

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Sem tiroteio e com um efetivo de cerca de 2 mil homens, a Polícia Militar do Rio, com apoio de 13 blindados da Marinha e dois helicópteros, ocupou o Complexo de Manguinhos, onde se encontram as favelas de Manguinhos, Mandela, Varginha e Jacarezinho, considerada uma das mais perigosas do Rio e abrigo da maior cracolândia da cidade.

A operação, chamada Pacificação Manguinhos, começou por volta das 5h da manhã e é preparatória para a implantação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora na cidade. A favela de Manguinhos deve receber a UPP dentro de 30 dias, enquanto o Jacarezinho vai ser ocupado pela Polícia Civil e receberá a ocupação permanente a partir do início de 2013, beneficiando cerca de 36 mil pessoas, de acordo com o último censo do IBGE.

O relações-públicas da PM, coronel Frederico Caldas, disse que agora começa um trabalho meticuloso. "A Inteligência e a integração entre as polícias foi fundamental para que tudo esteja tranquilo até agora", disse, no Quartel General da Polícia, local de concentração das informações da operação.

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Hasteamento de bandeiras marca retomada do conjunto de favelas de Manguinhos

Às 6h30, o delegado Marcus Vinicius Braga, da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core), confirmou que o Jacarezinho já tinha sido tomado pela polícia. De acordo com a Polícia Militar, até o momento cerca de 10 kg de maconha já foram apreendidos.

Durante a ocupação, várias ruas importantes da zona norte da cidade foram bloqueadas ou tiveram reforço de policiamento, como as avenidas Dom Helder Câmara, dos Democráticos e Brasil. A Secretaria Municipal de Assistência Social da prefeitura está apoiando as ações recolhendo usuários de crack que ocupam a região. De acordo com a secretaria, até o início da manhã 62 adultos e cinco menores, dependentes de crack, estão sendo levados a centros especializados de acolhimento.

Além da Polícia Militar, dos Fuzileiros Navais e da Polícia Civil, participam da operação policiais federais e da Polícia Rodoviária Federal, em busca de armas, drogas e dez dos principais traficantes da região, entre eles: Marcelo Veiga, o Marcelo Piloto, considerado o chefe do tráfico nas favelas do Mandela I, II e III; e Diogo Feitosa, o DG, que há três meses foi resgatado por comparsas da delegacia do Engenho Novo, e é responsável por ações na chamada Faixa de Gaza, rua Leopoldo Bulhões, em Mangunhos.

A polícia também busca Wallace Carlos da Conceição, o Churrasquinho; Davi Moraes de Sá, o Davi Paraíba; Luiz Claudio Ferreira da Silva, o Foca; Luis Augusto Oliveira de Farias, o Índio do Mandela; Pedro Carlos Correa de Menezes, o Picasso; André Luiz Cabral dos Santos, o Lacraia; Eduardo Herculano da Silva, o Avião; e Fábio Gonçalves da Silva, o Fabinho Bernard.

A polícia trabalha com patrulhas na região desde a última quinta-feira e também trabalha na Baixada Fluminense e na região de São Gonçalo, para onde os traficantes locais podem ter fugido nos dias prévios à ocupação. A Secretaria de Segurança trabalha ainda com a possibilidade da colaboração da polícia através do Disque Denúncia (21-2253-1177) ou para o 190 da Polícia Militar. Até o momento, ninguém foi preso.

>>Acompanhe reação do governador

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, fez um balanço da operação no final da manhã deste domingo (14), junto a representantes das demais forças que participaram da pacificação. "Fundamental é devolver os territórios para melhorar a vida daquelas populações", resumiu o secretário, ao lado da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha - que pela primeira vez participou de uma operação deste gênero - e de representantes das polícias Federal, Rodoviária, da Marinha e do Corpo de Bombeiros.

"Fizemos a ocupação no tempo recorde de 20 minutos, de acordo com a proposta de quem pretende preservar vidas", comentou Beltrame, para quem o ponto alto da operação foi a inteligência policial. "Foi feita uma leitura muito nítida que nos permitiu planejar e identificar o que precisávamos sem dificuldade. Vamos buscar levar paz a essas pessoas. Não teremos mais uma Faixa de Gaza", festejou o secretário, referindo-se ao apelido dado pela população a uma das área mais violentas da cidade. "Pedi aos moradores que usem os mecanismos de denúncia para que possamos continuar a avançar", acrescentou.

A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) estão previstas para até dezembro em Manguinhos, Mandela e Varginha, enquanto para o Jacarezinho o prazo é janeiro de 2013.

Segundo declarou a delegada Martha Rocha na entrevista coletiva, esta foi uma operação "que não começou hoje e nem se encerra hoje" .

Até agora, o saldo da operação foi a prisão de 51 pessoas, a apreensão de três fuzis e cinco granadas, além de 21 veículos, sendo três deles recuperados.  

Com informações do Portal Terra