ASSINE
search button

Dilma: "O golpe só se completa com a inviabilização de Lula em 2018"

Corrupção deve ser investigada, doa a quem doer, mas que não doa mais em uns que em outros

Compartilhar

A ex-presidente Dilma Rousseff disse que o golpe de Estado que seu governo sofreu a partir de um processo de impeachment só será concluído com a inviabilização da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2018. Em entrevista concedida ao jornalista Bob Fernandes e exibida nesta terça-feira (27) na TVE Brasil, Dilma afirmou que não acredita, contudo, na prisão de Lula, porque isso daria mais chances ao petista. 

“Não acredito que eles cometam este absurdo, não porque sejam bons, mas acredito que também não são burros. Acho que transformará a prisão de uma pessoa visivelmente injustiçada em um herói. Acho que eles não irão querer. Acho que a estratégia é inviabilizá-lo para 2018. O golpe só se completa com isto. As forças que deram o golpe têm muito interesse que ele seja julgado e condenado. Eles tiram o Lula do jogo e se livram da Lava Jato. Não estou dizendo que todas as pessoas que participam da operação seja essa, mas a estratégia dos que deram o golpe é a seguinte: constrói um impeachment fraudulento”.

A ex-presidente comentou, ainda, a prisão de seu ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ela disse que Mantega é íntegro e foi injustiçado. Dilma colocou em xeque a soltura do ministro horas depois da prisão e considerou estranhos os critérios "não oficiais, não técnicos para tratar as questões de corrupção no Brasil".

"Essa prisão foi extremamente desnecessária. Ele (Mantega) tem paradeiro conhecido, todo mundo sabia que ele estava ligado a esse tratamento de câncer da mulher. Prendê-lo é um ato de desumanidade que não é corrigido pelo fato de, na sequência, a prisão ser cancelada. Pelo contrário, isso sublinha a questão: se não era para prender, para que, então, prender? E se não era para soltar, então para que soltar? Do ponto de vista do contexto do que ele está sendo acusado, eu acho estranhíssima a seletividade e o uso de crítérios não oficiais, não técnicos para tratar essas questões hoje no Brasil. Sou a favor que investiguem a corrupção, doa a quem doer, mas sou a favor que o doa a quem doer não doa mais em uns que em outros. Inadmissível é prender Guido Mantega e deixar Eduardo Cunha solto", argumentou Dilma.

Em sua primeira entrevista após a destituição da Presidência da República, Dilma disse que o que mais a magoou nas críticas a ela e a seu governo foi o machismo. A ex-presidente citou o episódio recente da morte de seu cachorro, assim que estava deixando o Palácio da Alvorada, em Brasília.

“Tinha e teve um viés misógino, machista em relação à figura que construíram de mim. Suportei muitas coisas. Uma das coisas que fiquei extremamente magoada foi a história do cachorro. Eu nunca deixei de ter cachorro, tive a vida inteira. Eu tinha cinco cachorros, todos eles eu herdei, dois foram do ex-presidente Lula, eu os criei, o meu tinha 13 anos, e uma que eu peguei na rua, uma que eu ganhei. O meu cachorro de 14 anos era um labrador, fiz de tudo para ele não morrer, mas aí ele teve duas doenças, por isso que ele foi sacrificado. Aí virei assassina de cachorro”, analisou a ex-presidente.

Leia Também

> > 'Clarín': Lula será candidato a presidente em 2018

> > 'TeleSur': Lula desafia oposição e diz que será candidato em 2018