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Brasil "é historicamente inapto" para a democracia, lamenta Janio de Freitas

Colunista afirma que falta de legitimação faz Cunha conduzir processo às escuras

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O jornalista Janio de Freitas constatou, em artigo deste domingo (17) na Folha de S.Paulo, que, depois de vivenciar pelo menos dez tentativas de "golpe" na História do Brasil, "democracia não é para qualquer um, e o Brasil não tem aptidão para vivê-la", afirmou o colunista, acrescentando que o país "é historicamente inapto, como provam suas poucas e vãs tentativas (de optar pela democracia)".

Segundo Janio, a deslegitimação do processo conduzido pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "que a operação do pretendido impeachment que têm sido de madrugada as reuniões em que o presidente da Câmara, na sua casa, articula tanto para derrubar a presidente como para salvá-lo no Conselho de Ética", escreve o jornalista, lembrando que o resultado ainda não é claro, mas que a votação "deverá ser suficiente para dar início a preliminares de fermentação social que o governo seguinte, com o que pretende, só fará agravar".

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"Chantagem e vingança", de acordo com Janio, resumem as motivações principais de Eduardo Cunha que, ainda segundo o colunista, age em "conluio" com o PSDB, "partido que representa a cúpula social e econômica do país e, sobretudo, de São Paulo", argumenta. Janio critica, ainda, a forma como diversos setores da sociedade - de políticos à mídia - trataram o suposto crime cometido por Dilma como 'pedaladas' "para ninguém entender".

"É no mínimo indecente que, 'ao se propor o impeachment sem cumprir os requisitos constitucionais de mérito' –palavras 'em defesa da democracia' dos reitores das universidades federais–, se falsifique como crime uma prática contábil também de presidentes anteriores. E nunca reprovada. Por isso mesmo posta, desta vez, sob o apelido pejorativo de 'pedaladas', para ninguém entender".