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Suposto operador do PMDB na Lava Jato se entrega à PF

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João Rezende Henriques, apontado pela Operação Lava Jato como o maior operador de propina na Diretoria Internacional da Petrobras, se entregou na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro no início da tarde desta segunda-feira (21). O mandado de prisão temporária contra ele foi expedido pelo juiz Sérgio Moro, nesta 19ª fase da operação, associada ao pagamento de propina a partir de contratos na Eletronuclear.

Henriques seria o "sucessor" de Fernando Soares, o Baiano, na relação com a diretoria Internacional da Petrobras. De acordo com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o operador é "um dos maiores" da Lava Jato, e foi responsável por movimentar "valores milionários". Henriques teria agido como operador do PMDB, mas a direção do partido informou que jamais autorizou ninguém a agir como intermediário, lobista ou operador junto à Petrobras.

João Rezende Henriques foi denunciado em agosto pelo Ministério Público Federal por corrupção. Ele teria envolvimento no pagamento de uma propina de US$ 31 milhões em negócio da Diretoria Internacional da Petrobras, em 2009, então sob comando de Jorge Luiz Zelada, sucessor de Nestor Cerveró. Ambos estão presos em Curitiba.

Parte desse valor, US$ 10,8 milhões, teria sido repassada para o PMDB, segundo o Ministério Público Federal. A propina total teria saído de contratos de US$ 1,8 bilhão, de afretamento do navio-sonda da Petrobras Titanium Explorer.

Pela manhã, a Polícia Federal prendeu um dos donos da Engevix, José Antunes Sobrinho. Na coletiva à imprensa, o procurador Regional da República Carlos Fernando Dos Santos Lima, que faz parte da Força tarefa da Lava-Jato disse que está "seguindo" a trilha do dinheiro desviado da Petrobras, por meio dos operadores. O alvo desta nova fase são propinas que teriam sido pagas envolvendo a Eletronuclear e a diretoria internacional da estatal.

O procurador afirmou também que parte da informação ainda está sob sigilo porque envolve conteúdo de delação premiada. Segundo ele, há provas, por meio de documentos bancários, que envolvem a Engevix em pagamento de propina e notas de prestação de serviços não realizados.

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Segundo Carlos Fernando, José Antunes Sobrinho fez movimentações em janeiro de 2015, inclusive, quando outro diretor da Engevix estava preso, e que teria procurado testemunhas. “Isso demonstra o quanto eles não têm limites nas suas operações", acrescentou o procurador. Sobrinho já é réu em processo de suspeita de corrupção na estatal. No dia 15 deste mês, o juiz federal Sergio Moro aceitou a denúncia contra o executivo e mais 14 pessoas. O suspeito teria pago R$ 140 milhões em propina para a Aratec, empresa controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear  Othon Luiz Pinheiro da Silva, entre 2011 e 2013.

Carlos Fernando afirmou que ‘não tem dúvida nenhuma’ de que os maiores escândalos de corrupção da história recente do País – Mensalão, Petrolão e Eletronuclear – tiveram origem na Casa Civil do Governo Lula.

No Rio, um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na empreiteira Mendes Júnior. Os agentes fizeram diligências em Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram cumpridos 11 mandados: um de prisão preventiva, um de prisão temporária, dois de condução coercitiva e sete de busca e apreensão.