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Em nota, alunos da USP detidos se consideram presos políticos

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Em nota divulgada na tarde desta terça-feira, os alunos da Universidade de São Paulo (USP) afirmaram que a ação policial que desocupou o prédio da reitoria da instituição instalou "um clima de terror, que lembrou os tempos mais sombrios da ditadura militar em nosso País". O documento pedia a libertação dos 73 estudantes e trabalhadores detidos, chamados de "presos políticos".

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Os alunos relatam que resistiram à ação e que, por isso, foram obrigados a entrar em salas escuras. A nota afirma que estudantes foram agredidos e tiveram seus rostos filmados e fotografados por policiais sem farda ou identificação. "Levaram todas as mulheres (24) para uma sala fechada, obrigando-as a sentarem no chão e ficarem rodeadas por policiais, homens com cassetetes nas mãos. Levaram uma das estudantes para a sala ao lado, que gritou durante 30 minutos, levando-nos ao desespero ao ouvir gritos como o das torturas que ainda seguem impunes em nosso País. Tudo isso demonstra o verdadeiro caráter e o papel do convênio entre a USP e a Polícia Militar", afirma o documento.

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"A reitoria entrou com o pedido de reintegração de posse enquanto nós ainda estávamos em negociação. O que vimos hoje na USP lembra os piores momentos da ditadura militar. (...) Queremos denunciar publicamente que a polícia agiu com métodos remanescentes da Política Militar, afirmou Marcelo Pablito, um dos diretores do Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp).

Histórico

A invasão aconteceu por parte de um grupo descontente com a resultado de uma votação em assembleia que decidiu, na terça-feira, por 559 votos a 458, encerrar a ocupação do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). O grupo deslocou o portão de trás do edifício da Administração Central, usando paus, pedras e cavaletes, e em poucos minutos chegou ao saguão principal do prédio. A FFLCH havia sido ocupada depois que a PM abordou três estudantes no campus por porte de maconha na quinta-feira da semana passada e tentou levar os usuários detidos. Os policiais usaram gás lacrimogênio, e alunos teriam ficado feridos após confronto.