Além de todos os argumentos apontados pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para deslegitimar o depoimento do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em acordo de delação premiada ainda não homologado, como, por exemplo, a tentativa do parlamentar de salvar a própria pele depois de insistir que o Planalto interferisse na Lava Jato, há outras razões que complicam a credibilidade das declarações, publicadas nesta quinta-feira (3) pela revista IstoÉ.
Uma das razões, apenas para tratar do âmbito estratégico da amplitude do problema para o governo federal, esse documento, ainda não oficial, poderia ter caído no colo de uma publicação de maior circulação, um jornal diário de ampla divulgação ou mesmo um veículo ligado a uma emissora de televisão ou que a denúncia, com claros fins destrutivos, surgisse originalmente da própria emissora.
Dito isso e exterior ao fato, a verdade é que o país não pode assistir a essa tentativa de autodestruição que vem sofrendo. O Brasil caminha para um processo onde as instituições podem ser atingidas se os segmentos responsáveis não tomarem providências para a manutenção da ordem e do desenvolvimento nacional. A posição que vem sendo tomada em diversos segmentos empresariais, alguns meios de comunicação e, fundamentalmente, no sistema financeiro paulista pelas suas entidades de classe merece resposta imediata do povo brasileiro. Mas não do povo que vai a Miami ou que tem casa em Londres ou Paris. Pelo bem do país, é preciso uma resposta do povo sofrido, sobretudo o povo atualmente desempregado.
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