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Cardozo: 'Se feita, delação de Delcídio é clara retaliação'

Ministro disse que senador fez pedidos insistentes de intervenção na Lava Jato

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O ex-ministro da Justiça e atual ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, fez um pronunciamento na tarde desta quinta-feira (3) para refutar as declarações do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em possível acordo de delação premiada divulgada pela revista IstoÉ.

Segundo Cardozo, se confirmada, a delação seria uma retaliação do senador ao Palácio do Planalto. O ministro argumentou que Delcídio vinha pressionando para que o governo fizesse intervenções nas investigações da Lava Jato e junto a ministros e à Procuradoria-Geral da República.

"A imprensa já havia documentado tempos atrás que Delcídio estava muito inconformado de ter sido preso e de o governo não ter agido para tirá-lo da prisão. Se feita, delação é clara retaliação", afirmou Cardozo, acrescentando que, antes de ser preso, o senador estava diariamente em seu gabinete clamando por intervenções, mas que até então não estava claro que os pedidos do parlamentar eram em benefício próprio.

"Ele estava diariamente na minha sala para que eu fosse sua própria sobrevivência (...), que eu precisava falar com ministro tal, tal e tal, que tinha que intervir", disse o ministro da AGU, classificando a suposta delação, que ainda não foi confirmada pela Polícia Federal e pela PGR, como "desejo de vingança". A vingança seria uma resposta à sua prisão em novembro de 2015, depois da divulgação de uma gravação na qual Delcídio preparava a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

Cardozo questionou as supostas afirmações de Delcídio de que teria sido delegado para sondar votos de ministros do Supremo a respeito da Lava Jato. Segundo Cardozo, não faz sentido a hipótese de tentar intervir junto ao Judiciário e ao Ministério Público se nem mesmo na Polícia Federal, que está subordinada ao Ministério da Justiça, houve intervenção.

"É muito fácil constituir delação premiada sem provas e como vingança. O governo Dilma Rousseff não interveio nas investigações da Lava Jato e nos julgamentos. Se eu (como ministro da Justiça) não nomeei na PF alguém para parar as investigações, por que eu tentaria intervir em outras esferas que não são do meu poder?", indagou o ministro.