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Nadadores americanos brigaram em posto e mentiram sobre assalto, diz polícia

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Os nadadores americanos que prestaram queixa de um suposto roubo no Rio de Janeiro mentiram sobre o crime, disse a Polícia Civil à TV Globo. De acordo com as investigações, na verdade, eles brigaram com seguranças em um posto de gasolina na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na noite desta quarta-feira (17), já nos Estados Unidos, o nadador Ryan Lochte tinha reforçado que houve assalto, contando uma nova versão.

Policiais da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo colheram o depoimento do taxista que transportou os nadadores americanos na madrugada de domingo.

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De acordo com o depoimento de seguranças e imagens das câmeras do posto de gasolina, a confusão teve início após o gerente do posto ser chamado para conter uma confusão nos fundos do posto. Os seguranças, então, perceberam que a saboneteira, o suporte para papel, a porta e a placa do banheiro estavam destruídas. 

Os nadadores ainda teriam feito xixi com as calças arriadas nos fundos do estabelecimento e quebrado uma placa publicitária. Na sequência, os atletas seguiram para o táxi, mas o motorista se recusou a sair depois que os seguranças ordenaram que o carro aguardasse a chegada da polícia. Com a demora, os nadadores ficaram agressivos e um segurança teria apontado uma arma para impedir que os atletas deixassem o local.

Uma pessoa teria mediado, em inglês, uma negociação para pagamento dos prejuízos. Os norte-americanos teriam oferecido US$ 20 e R$ 100 e deixado o posto em seguida. A polícia afirma que esteve no local, registrou o boletim de ocorrência, mas que, ao chegar, a situação já teria sido resolvida.

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Na noite desta quarta-feira (17), os nadadores norte-americanos Gunnar Bentz e Jack Conger foram impedidos de embarcar para os EUA, e levados para a delegacia da Policia Civil do aeroporto. Eles ficaram detidos por 4 horas, mas não prestaram depoimento, e tiveram o passaporte apreendido em seguida. A dupla deve se apresentar nesta quinta (18) na Delegacia de Apoio ao Turista, que cuida do caso. 

Pouco antes de serem abordados no Galeão, a Justiça mandou apreender o passaporte dos dois, para que prestassem depoimento, como testemunhas. A defesa destacou que os dois "ficaram muito assustados" por terem sido impedidos de embarcar, e chamou a condução coercitiva de "aberração jurídica". "Mas o que mais causa espécie é a retenção do passaporte de testemunhas", disse o advogado Sérgio Riera.

Os dois estavam juntos com outros nadadores americanos na saída de uma festa na Lagoa, na Zona Sul do Rio, mas não haviam prestado depoimento na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) sobre o suposto assalto que a equipe teria sofrido. Já Ryan Lochte e James Feigen registraram uma ocorrência de roubo na Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) da Polícia Civil, relatando versões contraditórias. 

Ryan Lochte reafirma assalto em nova entrevista, mas dá nova versão

Ryan Lochte deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos na segunda-feira (15). Não há, no entanto, informações sobre o paradeiro de Jimmy Feigen. Nesta quarta (17), a juíza Keyla Blanc, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, proibiu que Ryan Lochte e James Feigen deixassem o país. A polícia vai enviar ao FBI uma relação de perguntas para que Lochte responda, dos EUA, por carta precatória.

Na noite desta quarta-feira (18), Lochte deu uma entrevista à TV NBC, reafirmando que foi assaltado junto com três colegas da equipe de natação olímpica americana, mas deu detalhes diferentes das duas versões anteriores -- em entrevista à TV e à polícia.

Lochte também reclamou que está sendo tratado como suspeito, quando é vítima. Nesta nova entrevista, o nadadora contou que os quatro foram abordados com uma arma ao saírem do banheiro de um posto de gasolina, após a festa na Lagoa. Antes, o nadador tinha contado que o grupo foi abordado quando estavam em um táxi, por homens que estavam em outro veículo, com distintivo policial. 

"Eu me recusei, falei que não fiz nada errado, então não vou deitar no chão. Então ele puxou sua arma, engatilhou, colocou na minha testa e disse 'se abaixa'. Então coloquei as mãos para cima. Eu estava tipo 'que seja'. Ele pegou nosso dinheiro, minha carteira. Ele deixou meu celular e minhas credenciais", disse Lochte na versão anterior. 

Além das versões contraditórias sobre o assalto, um vídeo divulgado pelo jornal britânico Daily Mail também aumentou as suspeitas sobre o depoimento deles. A filmagem mostra Ryan Lochte, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger chegando à Vila Olímpica às 6h56. Em depoimento, eles afirmaram ter saído da festa na Lagoa às 4h, entre outras questões que estão sendo analisadas pelos investigadores.

O suposto assalto a mão armada gerou grande repercussão na imprensa mundial, e foi capa dos jornais Daily News New York Post. Christine Brennan, colunista do USA Today, chegou a dizer que o caso era "uma imagem terrível e assustadora" que "muda o tom destes Jogos de uma hora para outra".

Nesta quinta, uma colunista do USA Today Sports saiu em defesa dos nadadores americanos. "A coisa mais esperta que Ryan Lochte fez foi sair da cidade", escreveu Nancy Armour. "É irrelevante se é verdade. Em uma cidade em que o crime urbano é rampante e bairros inteiros são cercados por chefes do tráfico de drogas e gangues, a polícia deve ter maiores preocupações. Mas a história de Lochte foi um constrangimento e isso não será tolerado."