MUNDO
Israel bombardeia única rota de fuga de Gaza
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 10/10/2023 às 20:03
Alterado em 10/10/2023 às 20:05
Israel bombardeou, nesta terça-feira (10), a passagem de Rafah, única ponte terrestre que liga Gaza ao Egito - e ao mundo exterior, uma vez que a outra fronteira é com Israel. Rafah seria a rota utilizada pelo governo Lula para evacuar os 25 residentes brasileiros que manifestaram interesse em sair de Gaza. Outros países também planejavam realizar as missões de escape pela cidade.
Israeli warplanes attack the Rafah border crossing with missiles, blocking the movement of passengers from Gaza into Egypt and vice versa. pic.twitter.com/70hTAXNoOL
— Quds News Network (@QudsNen) October 10, 2023
O governo federal afirmou através de nota que conseguiu repatriar os primeiros brasileiros que estavam na Cisjordânia e em Israel através de voo saído de Tel Aviv. A situação em Gaza, porém, segue em aberto.
"O Escritório de Representação em Ramalá segue em contato com os brasileiros na Faixa de Gaza e com as autoridades responsáveis na região. A Embaixada do Brasil no Cairo, por sua vez, segue em contato com as autoridades egípcias para verificar a viabilidade da passagem segura para o Egito dos nacionais interessados em serem retirados da Faixa de Gaza", diz o comunicado.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram, na tarde de terça-feira, que atingiram um túnel subterrâneo que supostamente servia para contrabando de armas e equipamentos na área de Rafah, na fronteira com Egito, mas não confirmaram nem negaram ter atingido a própria passagem.
O porta-voz do Ministério do Interior e Segurança do Hamas, Iyad Al-Bazam, afirmou à Associated Press que autoridades do Egito informaram aos palestinos para que evacuassem imediatamente a passagem de Rafah devido às ameaças de bombardeio de Israel.
Crime de guerra
Israel também deixou claro que não vai permitir qualquer tipo de ajuda humanitária aos palestinos. Os governos de Egito e Jordânia anunciaram preparativos para o envio de material humano, mas Israel disse que quaisquer caminhões que adentrarem pela fronteira serão bombardeados.
Agora são 2.3 milhões de palestinos (e mais de mil brasileiros) que estão literalmente presos em uma pequena área, totalmente destruída, e sendo bombardeados 24h por dia, sem água, alimentos, energia ou combustível. Nesta segunda, Israel também bloqueou o fornecimento dos recursos.
O brasileiro Hasan Rabee, que mora com a esposa e duas filhas menores de idade na Faixa de Gaza, contou à CNN que está sem energia e água e não consegue acessar a fronteira com o Egito por causa do bloqueio israelense.
“Ninguém consegue chegar à fronteira, está cercado. Não existe local seguro. Está bem difícil sem água e luz. A gente quer voltar logo para nossa casa no Brasil”, relatou Hasan.
O primeiro-ministro israelense, Bejanim Netanyahu, afirmou que isso é apenas o começo da retaliação pelo ataque perpetrado pelo Hamas há três dias.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou, nesta terça, que o cerco realizado por Israel em Gaza, com a proibição de entrada de alimentos e água, além dos ataques a civis, são considerados crimes de guerra desde 1977 pela organização.
Israel é signatário das Convenções de Genebra - que são as leis para o direito humanitário internacional - e por isso é cobrado por cumprir as regras. O país pode ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em caso de descumprimento.