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Votação na Catalunha é encerrada e apuração será "longa e dificíl", dizem autoridades 

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O referendo sobre a independência da Catalunha da Espanha foi concluído e as seções de votação em toda a região fecharam. A contagem de votos, porém, "será longa e difícil", de acordo com as autoridades catalãs. O presidente catalão, Carlos Puigdemont, anunciou que vai ao Parlamento nos próximos dias com o resultado da votação deste domingo, para que se atue de acordo com a lei do referendo, que prevê a proclamação unilateral de independência. Ele destacou ainda que o caso "já não é um assunto interno. É um assunto europeu".

A contagem dos votos é feita a mão. Alguns colégios já apontaram a vitória do "sim". Está programada uma festa organizada pelo governo da Catalunha para este domingo, para comemorar o referendo que estava proibido pela Justiça, e que havia sido aprovado no início de setembro pelo Parlamento da Catalunha. Puigdemont vinha reiterando que o referendo iria ocorrer, sim, e neste domingo reforçou que pode proclamar uma independência unilateral. 

"Ganhamos o direito de ter um estado independente", afirmou. "Hoje a Catalunha ganhou muitos referendos. Temos direito de decidir nosso futuro." O presidente da Catalunha também criticou a violência policial registrada. "O governo espanhol escreveu hoje uma página vergonhosa em sua relação com a Catalunha." 

O governo espanhol, por sua vez, continua a não reconhecer o referendo. O primeiro-ministro Mariano Rajoy diz que a votação "não ocorreu", e defendeu a atuação da polícia.

Mais de 400 pessoas ficaram feridas pela repressão policial ao longo de todo o dia, de acordo com números oficiais, mas o número pode ser muito maior. Segundo boletim divulgado às 21h30 (16h30 em Brasília) pela Secretaria de Saúde do governo da Catalunha, citado pelo jornal La Vanguardia, o número de feridos subiu para 844.

Duas pessoas estão em estado grave. Uma delas foi atingida por um tiro de bala de borracha no olho, e um homem sofreu um infarto. Os dois não correm risco de vida. 

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A contagem do número de votos pode levar muito tempo, segundo o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, que pediu paciência e compreensão. "Será um dia longo, as estatísticas e as contagens serão longas e difíceis também, então pedimos a paciência e a compreensão de todos", disse Turull em conferência de imprensa.

A Generalitat, o governo regional da Catalunha, abriu um site e um aplicativo móvel para votação, como forma forma de driblar a repressão policial que marcou o dia na segunda mais rica e populosa região espanhola. 

O governo disse anteriormente que os eleitores poderiam usar o site, criado na plataforma de blogs Wordpress, para votar até as 19h (no horário de Brasília), mas leis catalãs proíbem a votação online.

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Reação em Madri

O governo da Espanha considera a votação ilegal e tenta frustrar o referendo. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, se manifestou logo após o fechamento das urnas, dizendo que "hoje não houve um referendo, foi uma mera encenação". "Constatamos que o Estado de Direito permanece em vigor", disse Rajoy em conferência de imprensa.

O mandatário espanhol assegurou que o governo agiu "com firmeza e serenidade" e que o "Estado de direito mantém sua força". "Eu quero que vocês saibam que fizemos o que nós precisamos fazer. Nós agimos com a lei e somente com a lei", completou Rajoy.

Com agência Sputnik

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