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Espanha usa força para conter plebiscito na Catalunha

Ações da polícia já deixaram mais de mais de 460 feridos, diz prefeita de Barcelona

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Milhões de cidadãos da Catalunha vão às urnas neste domingo (1º) para decidir se a comunidade autônoma deve se tornar um Estado independente da Espanha, em meio à tensão provocada pelas ações da Polícia Nacional e da Guarda Civil, enviadas por Madri para impedir a consulta popular.

Seguindo uma determinação da Justiça espanhola, agentes das duas forças invadiram diversos colégios eleitorais espalhados pela região e apreenderam urnas usadas na votação. Em muitos locais, houve confusão entre policiais e cidadãos, com um saldo de pelo menos 337 civis feridos, alguns em estado grave, segundo o governo catalão. Já Madri diz que 11 agentes se feriram.

A prefeita de Barcelona, Ada Colau, contudo, publicou em sua conta no Twitter que as operações da Polícia da Espanha na Catalunha já deixaram "mais de 460 feridos". "Como prefeita de Barcelona, exijo o fim imediato das cargas policiais contra população indefesa", escreveu a mandatária em sua conta no Twitter.

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Em colégios de Barcelona e Girona, as pessoas se colocaram na entrada para tentar barrar os policiais ou se deitaram no chão, impondo uma resistência pacífica, mas foram retiradas à força. Os agentes, alguns com armamento pesado, saíam com as urnas sob os gritos de "votaremos".

Além disso, a Guarda Civil cortou a conexão de internet em diversos colégios eleitorais para impedir a realização do plebiscito. As ações começaram após os Mossos d'Esquadra, nome da força policial da Catalunha, terem se recusado a apreender urnas e outros materiais eleitorais, como havia sido ordenado pela Justiça da Espanha.

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Os agentes catalães se limitaram a contar as pessoas presentes e a fazer controles de segurança, para depois ir embora, sob os aplausos dos cidadãos. "Fomos obrigados a fazer aquilo que não queríamos", declarou o delegado do governo espanhol na comunidade autônoma, Enric Millo, justificando a intervenção da Guarda Civil e da Polícia Nacional e acusando os Mossos de colocarem critérios "políticos" acima dos "profissionais".

Um dos colégios invadidos foi aquele onde votaria o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, em Girona, mas o líder acabou indo para outra seção eleitoral por causa da operação policial. Durante a manhã, o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, já havia anunciado que os cidadãos poderiam votar em qualquer lugar.

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"Todas as pessoas podem votar em qualquer escola, apresentando passaporte ou carta de identidade. Foi implantado um sistema para garantir que uma pessoa vote apenas uma vez", declarou. Ele também disse que, apesar das ações da Espanha, 73% dos colégios seguem abertos.

Reações

As operações da Guarda Civil e da Polícia Nacional provocaram reações furiosas na Catalunha, que acusa a Espanha de ser um Estado "autoritário". O próprio Turull disse que uma repressão assim não era vista "desde os tempos do franquismo", quando a língua e a cultura regionais sofreram severas restrições.

Já Puigdemont afirmou que a "brutalidade injustificada" contra os eleitores catalães acompanhará Madri "para sempre". "Hoje o Estado espanhol perdeu muito mais do que já havia perdido. Hoje, na Catalunha, já vencemos muito mais do que havíamos vencido", acrescentou.

Por sua vez, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, usou o Twitter para chamar o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, de "covarde". "Ele inundou nossa cidade de policiais. Barcelona, cidade de paz, não tem medo", reforçou.

O zagueiro do Barcelona Gerard Piqué, ícone do movimento nacionalista catalão, compareceu a um colégio eleitoral e disse que a repressão contra o plebiscito é "uma vergonha". "As imagens falam por si", disse. 

Da agência Ansa Brasil