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Submarino argentino é achado um ano depois de seu desaparecimento

Alfonsina Tain / AFP -
Parentes de tripulantes do submarino
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O submarino San Juan, da Marinha da Argentina, que desapareceu há um ano no Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na última sexta-feira, informou a força armada em sua conta no Twitter.

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Submarino argentino (Foto: JUAN MABROMATA / AFP)

"Tendo investigado o ponto de interesse No. 24 relatado pela Ocean Infinity, através da observação feita com um ROV de 800 metros de profundidade, identificação positiva foi dada a #AraSanJuan", diz a mensagem da Marinha, referindo-se à empresa que estava buscando o submarino há meses.

O último contato com o submarino "ARA San Juan" ocorreu em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de São Jorge, a 450 km da costa.

Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata.

"O navio da Ocean Infinity decidiu realizar uma nova busca e graças a Deus localizou a zona onde o submarino está afundado", declarou o porta-voz da Marinha Rodolfo Ramallo à emissora de televisão TN.

"Agora se abre um novo capítulo", acrescentou Ramallo.

A busca por "ARA San Juan" começou 48 horas após o último contato. Treze países colaboraram, mas a maioria se retirou antes do final de 2017, sem resultados.

Segundo as três fotos tiradas por um robô do navio da empresa de buscas americana Ocean Infinity, o submarino parece não ter sofrido uma explosão.

"O submarino sofreu uma implosão. Pode ser visto completo, mas obviamente implodiu", disse o chefe da base naval de Mar del Plata, Gabriel Attis à imprensa, horas depois da descoberta.

>> Veja os acidentes mais mortais com submarinos

Antes de anunciar publicamente a descoberta do submarino, as autoridades alertaram aos parentes da tripulação que todos a bordo morreram.

"Eu ainda tinha esperanças de que eles pudessem estar vivos", declarou Luis Niz, pai de um dos marinheiros, aos jornalistas, visivelmente emocionado.

Yolanda Mendiola, mãe do cabo Leandro Cisneros, 28 anos, disse à AFP que se reencontra reunida com membros de outras famílias que aguardavam mais detalhes.

"Estamos todos destruídos", afirmou.

"Agora queremos saber o que aconteceu, Houve falhas, claro. A justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam punidos. Dá para imaginar. São 44 meninos, e quando entraram naquele submarino, estavam vivos", acrescentou.

A maioria dos familiares dos 44 tripulantes, entre os quais havia uma mulher, permaneceu por um ano em Mar del Plata, aguardando notícias.

A pressão das famílias, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da Ocean Infinity para retomar o rastreamento.

O navio da Ocean Infinity partiu no dia 7 de setembro com quatro membros da família a bordo e estava prestes a interromper a busca quando ocorreu a descoberta.

Apenas um dia antes, a Marinha organizou um ato em homenagem à tripulação do submarino San Juan, em Mar del Plata, por ocasião do aniversário de um ano de seu desaparecimento.

A cerimônia contou com a presença do presidente Mauricio Macri e também de vários parentes dos marinheiros.

O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920 milhões de pesos (25,5 milhões de dólares).

Lançado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha argentina em 1985, o "San Juan" era um dos três submarinos do país e seu processo de reparos havia terminado em 2014.

No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão da embarcação reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel.

A tragédia motivou a destituição do comandante da Marinha, Marcelo Srur.

Alguns tripulantes comentaram que a embarcação tinha sido seguida por navios ingleses.

Isso fez que alguns familiares pensassem que poderiam ter passado pela zona de exclusão das Ilhas Malvinas, cuja soberania motivou um conflito entre Argentina e Grã-Bretanha em 1982.