‘O segredo do meu sucesso’

Foto: Pedro Rodrigues/Bing Image Creator
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Deve ter sido um alívio para os executivos da NBA ter a volta dos jogos da temporada regular depois do último All Star Game. Para quem acompanha esse espaço aqui, já era esperado o baixíssimo nível de competitividade do evento (relembre aqui). E o evento que ocorreu no último domingo, dia 18, teve recorde de pontos batidos, com o placar de 211 a 186. O Leste venceu e Damian Lillard do Bucks foi eleito o jogador mais valioso (o popular “MVP”). Mesmo com o placar altíssimo, o jogo foi muito chato. Com isso, diversas sugestões surgiram para “consertar” o All Star Game.

Por aqui, não temos absolutamente nenhuma porque o All Star Game é um produto dos tempos atuais da NBA. O jogo está do jeito que está pelo sucesso que a NBA construiu durante anos e décadas fatos e situações antes desta era atual. Vamos ver cada uma delas:

Jogo com placar mais alto e dinâmico - Um dos dogmas da NBA era que um time não vence os playoffs se basear o seu ataque nas bolas de 3. Pois bem, o Golden State Warriors não só venceu séries de playoffs. O time da Califórnia foi 4 vezes campeão (2015, 2017, 2018 e 2022), tendo o arremesso de 3 pontos como uma arma fatal. Ajudou muito ter Steph Curry no elenco, mas isso é outra história. Com o sucesso, vem uma nova onda na NBA onde até mesmo os pivôs tiveram que se adaptar a essa nova era. Jogadores com Bam Adebayo do Heat e Joel Embiid do 76ers são extremamente competentes neste quesito. Com a bola de 3 em voga, o jogo físico foi diminuindo. Adeus enterradas. Olá, 3 pontos!

  1. Confraria - É notório que durante as décadas de 70, 80 e 90 os jogadores da NBA não tinham um apreço muito grande um pelo outro. Bird detestava Magic que detestava Bird. Isso porque os encontros entre eles eram somente em jogos pela temporada regular, playoffs e finais. Ou seja, eram raras as situações em que os gigantes da época juntavam forças para duelar um inimigo comum. Não havia profissionais na seleção americana, e nada de amizades via os agentes (oi, Klutch). Com o número de oportunidades de encontro, seja via quadra de basquete em uma convocação para a seleção ou fora dela para algum patrocinador em comum, aumentou exponencialmente. Com isso, essa geração é praticamente uma grande confraria.
  2. Sem contraditório - Quando Bird vencia Magic Johnson, a imprensa especializada não perdoava. Hoje, não existe isso. É raro, muito raro ter uma voz dissonante que questione coisas básicas como a queda do nível da arbitragem na NBA. Quando surgem essas vozes, a máquina de ilusões e fatos a engole. Sem ninguém cobrando, porque se aborrecer? É aquilo, o que Draymond Green do Warriors fazia na transmissão oficial da NBA? Outra: Por que Green, antigamente um crítico ferrenho e jogador suspenso por agressão recentemente, é contratado por uma das empresas que detêm os direitos de transmissão da NBA?
  3. Exposição - O All Star Game tem sempre um lugar no coração dos fãs mais antigos da NBA. Era tão raro ter os jogos, que alguns jogadores simplesmente só se conheciam via revistas ou jornais. Me lembro de Michael Adams, do Washington Bullets, jogando o All Star Game de 1992, e não, nunca vi uma mísera partida dele pelo time da capital. Hoje, a oferta de jogos da NBA é ampla. Se quiser, com o NBA League Pass, você assiste a todos os jogos da Liga com facilidade. Perdeu-se um pouco aquela sensação de novidade que a escassez trazia. E convenhamos, com tantas plataformas de divulgação que estes jogadores têm, qual a diferença para eles o All Star Game?

Uma pena essa percepção ruim do All Star. Para a cidade e quem vai ao evento ao vivo, não tem comparação a experiência. Por exemplo: esse ano tivemos um evento com as lendas da NBA e ABA comemorando a antiga liga da década de 70, um evento que particularmente eu pagaria caro para ver. Insisto que o estado atual do All Star Game é um reflexo atual da NBA. A curto prazo, não acredito que teremos mudanças. Para 2025, pelo menos, teremos um “tema” para o all star game: pode ser o último ano de Lebron na NBA. E nada como o All Star Game para a confraria celebrar o seu patrono.

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