Segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Folha, a classe média emergente, conhecida como Classe C, vai decidir o destino do país. Essa parte da população representa 54% dos eleitores e para Fernando é uma grande mudança, assim como a ascensão de Marina depois da morte de Eduardo Campos. Para Meirelles, Marina Silva tem o perfil para atrair esse grupo, apesar de sua imagem simbólica ser maior do que ela como candidatas. As informações foram publicadas em reportagem do El País nesta quarta-feira (26).
O jornal posiciona Marina Silva como uma terceira via no histórico embate entre PT e PSDB. Em entrevista ao jornal espanhol, Meirelles afirma que “Dilma já tem o voto das classes D e E e Aécio das classes A e B. Ambos priorizam a classe C. Já Marina também não tem esses votos, mas tem a preferência da classe média esgotada, mais jovem e escolarizada, que até agora iria anular o voto. Ela também conta com o apoio dos evangélicos”.
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A classe C representa 54% do eleitorado e na entrevista Meirelles diz que as outras classes (A, B, D e E) já tem seus votos direcionados. Ainda segundo Meirelles, talvez Marina nem precise do voto da Classe C, porque ela subiu nas pesquisas se favorecendo dos votos daqueles que estavam indecisos ou iriam votar nulo. “Ela cresceu porque não havia perspectiva política, era uma campanha sem emoção. Não haviam candidatos que mobilizassem as pessoas. Marina tem esse componente da paixão e tem uma militância virtual mais agressiva”.
Ainda para Meirelles, o tempo de campanha é curto para abalar a imagem de Marina, que ele define como “messiânica” e “terceira e nova opção”. Ele ainda afirma “não tem muito o que dizer de ruim sobre ela” mas que ela precisa responder as perguntas que todos os candidatos respondem com perspectivas sobre o governo, que acabarão revelando se “o mito de Marina permanece”.
Meirelles ainda disse ao jornal que as origens de Marina geram confiança de que ela irá priorizar os pobres. “Ela tem uma possibilidade efetiva de dialogar com o eleitorado mais pobre e de ter credibilidade quando diz que não acabará com as conquistas sociais conseguidas com o governo petista”.
Meirelles finaliza a entrevista dizendo que o maior desafio de Marina é como mostrará consistência política sem perder o lado místico de mulher pobre, analfabeta até a juventude, que superou todos os obstáculos.