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El País chama Marina de 'Mistica Verde' e relembra semelhança com Lula

Paralelo com Lula: apelo popular e ‘militância honesta da esquerda’ 

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O jornal espanhol El Pais publicou uma matéria nesta segunda-feira (25) sobre as eleições no Brasil. A publicação chama Marina Silva de “ícone ambientalista” e “uma das poucas não corrupta” e diz que, pelo giro de destino que foi a morte de Eduardo Campos, ela está mais perto do que nunca do seu objetivo. “Conhecida por sua intransigência com a velha política, Marina acredita que é possível combinar crescimento econômico e justiça social”, completa a publicação.

O jornal faz um paralelo entre Marina e Lula, mesmo ela não sendo em absoluto a escolha do ex-presidente, que apoia a reeleição de Dilma Rousseff, de seu partido. “Marina tem, como o líder sindical, um forte apelo popular, embora manchado por misticismo e severidade. Tantas são as semelhanças entre os dois, que chamam a candidata de Lula de saias”, completa o jornal. Eles militaram juntos por quase 30 anos no Partido dos Trabalhadores (PT) e os dois se criaram, política e socialmente, em movimentos de esquerda sindicais.

A origem de Marina, nascida há 56 anos no estado do Acre, é ainda mais humilde do que Lula. A família de 10 irmãos, onde sobreviveram oito, sobreviveram da coleta de borracha e viviam em palafitas. Quando criança, ela não ia para a escola porque tinha que ajudar o pai. Seu primeiro emprego foi como empregada doméstica.

As 16 anos ele entrou para o Movimento de Alfabetização Brasileiro (Mobral), em Rio Branco, capital do Acre. Ela queria entrar para um convento na cidade, mas depois de ouvir uma palestra sobre a teologia da libertação, decidiu optar pela política. Ingressou em 1985, no Partido Comunista Revolucionário (PCR), integrado ao Partido dos Trabalhadores (PT), no qual ela se filiou em 1986.

Ao contrário de Lula, que não estudou, Marina teve o apoio financeiro de um amigo deputado e foi para a faculdade, onde se formou em História, relembra o jornal. “Junto com o lendário Chico Mendes, assassinado por defender a Amazônia e os camponeses, fundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT)”, relembra o El País. 

Marina foi vereadora, deputada e, aos 36 anos, tornou-se a senadora mais jovem e mais votada do Brasil. Quando Lula assumiu a presidência da República em 2002, foi nomeada ministra do Meio Ambiente. Durante seus cinco anos de mandato, Marina reduziu o desmatamento da Amazônia em 60%, mas colidiu com interesses poderosos e queixou-se de ser constantemente boicotada. “Inclusive pela então ministra da Energia, Dilma Rousseff”, comenta o jornal.

Ela foi reconhecida pelo trabalho com o meio ambiente. “Em 1996, recebeu o Prêmio Goldam de Meio Ambiente para a América Latina e Caribe. Em 2007, a ONU concedeu a ela, o Campeões da Terra, a mais alta condecoração da instituição na área ambiental. Em 2008, o The Guardian escolheu como uma das 50 personalidades capazes de ajudar a salvar o planeta”, enumera a publicação.

Em 2008, ele deixou o governo e o PT e juntou-se ao pequeno Partido Verde (PV) para concorrer à presidência. Conseguiu surpreendentes 20 milhões de votos. Em 2013, não conseguiu formar seu partido Rede Solidariedade por questões burocráticas. Acabou entrando no PSB, para ser vice de Eduardo Campos.

“Desde 1997, é uma militante discreta da Assembleia de Deus, onde, no entanto, é vista com desconfiança por considerarem-na liberal e progressista”, diz o jornal, que especula suas outras fraquezas exploradas pelos adversários: falta de experiência em gestão, inflexibilidade e ortodoxia.