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Perda de grau de investimento do Brasil preocupa especialistas

Representante da Fitch Ratings afirma que novas avaliações serão necessárias. 

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Após a redução da meta de superávit primário anunciada nesta quarta-feira (22) pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, as atenções do mercado estão voltadas para o possível rebaixamento da nota soberana do Brasil pelas agências de classificação de risco. 

Mais cedo, a brasileira Austin Rating saiu na frente e aumentou o alarde entre investidores ao rebaixar a nota de crédito de longo prazo do Brasil para ‘BB+’, fazendo com que o país perdesse o grau de investimento pelos parâmetros desta escala. 

>>> Austin rebaixa rating soberano do Brasil para 'BB+' em moeda estrangeira

O corte já era esperado por economistas. Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, “a incapacidade do governo em gerir suas contas cria um reforço para que as agências reguladoras rebaixem a nota soberana do Brasil, colocando em xeque o grau de investimento do país”. 

Na avaliação das agências Standard Poor’s e Fitch Ratings, o cenário também é preocupante: o Brasil já se encontra na última classificação antes de perder o grau de investimento, uma espécie de "selo de bom pagador".

Segundo Shelly Shetty, chefe do departamento responsável por América Latina da Fitch Ratings, a nova meta de superávit fiscal está abaixo do que a Fitch havia calculado em abril, quando alterou o rating do Brasil para negativo, o que exigirá novas avaliações. “Mesmo que o governo tenha feito algum progresso em sua agenda legislativa no que se refere a medidas fiscais, seu desempenho continua sendo afetado pelo desafiador ambiente econômico. A redução da meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15% em 2015 ressalta as dificuldades encontradas em meio à recessão”, explica a economista.

A opinião do estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, também é pessimista. “Se a meta de superávit foi reduzida para 0,15% do PIB, provavelmente teremos um déficit”, estima. Plácido ainda chama atenção para outro ponto levantado por Barbosa durante a coletiva de ontem: “O problema não está apenas no corte de gastos, mas na arrecadação. Uma vez que a desaceleração econômica está muito mais rápida do que o imaginado, a arrecadação do Governo também caiu drasticamente”.