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Decisão do Minc de não indicar 'Aquarius' ao Oscar gera críticas nas redes sociais

"Enterramos a qualidade", publicou a cineasta e roteirista Anna Muylaert

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O Ministério da Cultura do governo de Michel Temer divulgou nesta segunda-feira (12), na Cinemateca Brasileira, a indicação de Pequeno Segredo, do diretor David Schurmann, para concorrer a uma vaga na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2017. Aquarius, longa-metragem de Kleber Mendonça Filho visto como preferido por grandes cineastas do país, ficou de fora. O assunto esteve nos trending topics no Twitter ao longo da manhã e tarde desta segunda-feira, com diversas críticas à exclusão do filme na disputa.

A polêmica da indicação de Aquarius ao Oscar teve início após um protesto da produção e elenco do filme contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff no Festival de Cannes. Marcos Petrucelli, que fez duras críticas à manifestação anti-impeachment, foi nomeado para a comissão do Minc responsável pela escolha. A partir de então, a obra foi proibida para menores de 18 anos, o que foi visto no meio como uma represália do governo, e depois passou para 16 anos. Na França, o filme recebeu classificação "livre". 

No final de agosto, a cineasta Anna Muylaert, de Mãe só há uma Que horas ela volta, disse à Folha de S. Paulo: “Achamos que este é o ano de Aquarius. É o filme certo”. Na ocasião, junto com outros cineastas, ela anunciou que não iria incluir o Mãe Só Há Uma na disputa pela vaga brasileira no Oscar.

>> Filme 'Aquarius' recebe classificação livre na França

Nesta segunda-feira, após o anúncio do Ministério da Cultura, Anna Muylaert fez uma série de publicações nas redes sociais sobre a escolha. "Escolher outro filme para representar o Brasil agora — um filme que ninguém viu — não é apenas uma derrota para 'Aquarius', é antes de tudo uma mudança de rumo nos paradigmas de qualidade que viemos construindo todos nós juntos há anos", escreveu a diretora.

"Com esta escolha de hoje, enterramos muito mais que um filme. Enterramos um paradigma de qualidade e legitimidade para o cinema brasileiro. Quando se está vivendo sob a égide de um golpe nacional, porque haveria de ser diferente com o cinema?", questionou.

O crítico de cinema Pablo Villaça também criticou a escolha. "Uma comissão sem representatividade, ilegítima e com ética questionada ignorou o candidato óbvio ao Oscar por revanchismo político", escreveu em seu perfil no Twitter.

David Schurmann, por sua vez, escreveu: "Meu profundo respeito a todos os maravilhosos filmes inscritos. Tenham certeza que faremos de tudo e não economizaremos energias para representar nosso país na premiação do Oscar 2017."

A coluna Radar da Veja Online questionou na tarde desta segunda-feira a escolha do filme, apontando que o Pequeno Segredo só tem estreia prevista para novembro deste ano e que para ser elegível teria que estrear até o dia 30 deste mês no Brasil. "Então, a rigor, “Pequeno Segredo” só poderia concorrer no ano que vem", diz a coluna. 

Pequeno segredo, em sua página oficial, diz que a estreia está prevista para 10 de novembro. No anúncio na Cinemateca nesta segunda, no entanto, a comissão do MinC disse que o longa estreia em 22 de setembro.