Dois dos maiores nomes das artes plásticas que tinham em comum a origem japonesa e a dedicação ao abstracionismo estão juntos a partir de hoje nas paredes da Galeria Cassia Bomeny. São três óleos sobre tela de Tomie Ohtake (1913-2015) e quatro de Manabu Mabe (1924-1997), entre os quais três óleos sobre tela e um sobre madeira, que compõem a exposição "Mabe Tomie", em cartaz até 25 de março."É interessante criar esse contraponto dos dois juntos dentro de um contexto histórico e estético. São artistas abstratos informais, porém com linguagens diferentes", diz a proprietária da galeria Cássia Bomeny.
As obras levantam questões referentes a cor, superfície, dimensionalidade, matéria e forma e refletem diferentes fases dos artistas. Tomie, por exemplo, na década de 1980, passou a utilizar uma gama cromática mais intensa e contrastante. Essa característica pode ser percebida nos dois trabalhos "Sem título", datados de 1985. As telas de Manabu são das décadas de 1970 e 80. "Manabu começou a pintar muito cedo, com menos de 20 anos, diferente de Tomie, que começou mais tarde, em 1952. Participou do grupo Seibi, se identificando com outros destacados pintores da colônia japonesa, como o próprio Manabu e Flavio-Shiró", conta a galerista. Apesar da forte característica abstracionista do grupo, Tomie costumava dizer que descobriu o caminho das formas não representativas, reproduzindo detalhes de sua cozinha, transformada em ateliê. Sua dedicação ao abstracionismo começa na segunda metade dos anos 1960, período em que o construtivismo estava em alta no Brasil.
Se Cássia trouxe de seu acervo essas obras históricas para expor e vender - "Posso dizer que o valor é a partir de R$ 50 mil. Duas já estão vendidas", comemora ela -, a próxima exposição será com um jovem artista. "O Tadeu Chiarelli, ex-curador da Pinacoteca de São Paulo, sugeriu o nome do escultor Claudio Cretti. Acho importante uma galeria travar diálogos diversos e mostrar diferentes tendências da arte", diz ela.
Mabe Tomie - Galeria Cassia Bomeny (R. Garcia DÁvila, 196 - Ipanema; Tel.: 3085-3000).
Seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 15h. Entrada franca. Até 25/3.