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O risco do lockdown vertical

Anselmo Cunha / PMPA -
Drone fazendo desinfecção em Porto Alegre
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Hoje são quase 3 milhões de contaminados no mundo e mais de 40 mil no Brasil. A OMS recomenda alguns tópicos de avaliação antes da flexibilização do distanciamento social. O terceiro ponto é avaliar se os ambientes de trabalho e demais locais estão preparados para proteger as pessoas.

Os espaços precisam ser desinfectados. Precisam estar livres do coronavírus, para que a população não seja contaminada no caminho ao trabalho. Os drones, com muita eficiência, fizeram isso na China e em vários outros países como a Itália, onde vem ajudando no declínio da curva de contaminação. Sua eficiência e usabilidade futura os tornam a opção mais efetiva. Não há como caminhões fazerem isso no asfalto, pois desperdiçam muita água e agente descontaminante. Comparando o custo de produto usado em uma mesma área com caminhões, os drones geram uma economia de aproximadamente R$1 milhão de reais por drone por mês. Por outro lado, não há como exigir que pessoas subam as comunidades com equipamentos costais (em geral pesando 25Kg) em vielas íngremes das comunidades do Rio de Janeiro, por exemplo.

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Drone fazendo desinfecção em Porto Alegre (Foto: Anselmo Cunha / PMPA)

A Dra. Nadya Pesce da Silveira é química e participa de um projeto inovador da Prefeitura Municipal de Porto Alegre com a UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que tem o objetivo de criar um protocolo seguro para desinfecção de áreas públicas com drones. Ela afirma que a eficiência do processo tem relação entre as partículas que atingem o solo e a concentração do agente ativo nas mesmas. Na prova da última quinta-feira 16/04, em Porto Alegre, nivelou-se o drone a 3 metros de altura e verificou-se que a quantidade de produto que atingiu o solo foi excelente.

Com relação ao transporte público, o sistema de ar condicionado precisa ser revisto. A renovação de ar e a filtragem não é um risco somente para o caso do Covid-19 mas para todos os demais vírus e fatores alergênicos.

Quando chegarmos aos locais de trabalho outro risco está a espreita, o ar interior dos ambientes, que há muito tem sido negligenciado por grande parte das empresas e do poder público.

Segundo a médica Stephanie H. Taylor, especialista em controle de infecções, com mestrado em arquitetura e engenharia pela Universidade de Norwich e membro da Sociedade de Medicina de Harvard, o controle da umidade do ar em ambientes internos, mantido entre 40% e 60% é a arma para evitar a propagação de germes. Este controle é realizado por ambientes com ar condicionado projetado e instalado conforme as normas da ABNT e determinações da ANVISA, que no item 3.2 da RE 09, determina que “a faixa recomendável de operação da Umidade Relativa, nas condições internas para verão, deverá variar de 40% a 65%”. Dra. Stephanie destaca ainda que nos banheiros de grande parte dos shoppings centers, os papéis foram substituídos por sopradores de ar quente. Estes sopradores podem espalhar os vírus e bactérias nos banheiros.

Segundo pesquisa científica realizada na cidade de Guangzhou, na China, o surto da COVID-19 está associado ao ar condicionado em restaurante. Segundo os pesquisadores, “a transmissão do vírus neste surto não pode ser explicada apenas pela transmissão de gotículas. Gotículas respiratórias maiores (>5 m) permanecem no ar por apenas um curto período de tempo e viajam apenas distâncias curtas, geralmente

A Ashrae afirma que a parada dos sistemas de ar condicionado não é a medida recomendada na redução da transmissão do vírus. O sistemas de ar condicionado projetados conforme as normas da ABNT são fortes aliados.

Devemos ser responsáveis quanto a programação para o retorno as atividades, nada será como antes, e portanto, precisamos ouvir cada especialista em sua área de atuação (médicos, engenheiros, arquitetos, ...) e ajustarmos o necessário, afim de garantir a qualidade de vida em uma cidade inteligente. Como afirmou o novo Ministro da Saúde, o Dr. Nelson Teich, “pouco sabemos sobre este vírus”, não sabemos todos os riscos e o que desacelera o contágio.

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