POLÍTICA
Sâmia Bomfim recebe ameaças após assassinato do irmão e passa a andar com escolta: "Desesperador"
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 18/10/2023 às 12:10
Alterado em 19/10/2023 às 13:05

A deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP), uma das principais vozes da esquerda no Congresso Nacional, afirmou em entrevista publicada no jornal O Globo, nesta quarta-feira (18), que segue sendo alvo de ameaças mesmo após o assassinato de seu irmão, o médico ortopedista Diego Bonfim, que teria sido executado - "por engano" - junto com outros três colegas, há duas semanas, em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Sâmia declarou que, por conta das contínuas intimidações que vem recebendo, tanto ela quanto seu esposo, o também deputado federal psolista Glauber Braga (RJ), solicitou à Câmara dos Deputados para reforçar sua segurança por meio de escolta da Polícia Federal.
"Recebi novas mensagens e e-mails, já encaminhados à Polícia Federal. Alguns grupos reivindicam a autoria do crime, dizem que são os autores da execução. Outros se aproveitam do ocorrido e ameaçam, dizem que serei a próxima vítima, caso não repense a minha atuação política. Tem quem se aproveite desse momento para ameaçar a vida do meu filho, uma criança, e do meu marido. É aterrorizante receber este tipo de e-mail. Desesperador", pontuou a parlamentar.
Em relação à escolta, ela compara sua situação atual com a do ex-deputado federal e hoje presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo (PT-RJ), que passou a ser muito visado por milicianos cariocas após presidir a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2008. Freixo até hoje anda com veículos blindados e cercado de seguranças.
"Passei a andar com escolta, igual ao (ex-deputado federal) Marcelo Freixo, graças a uma autorização que recebi da Mesa Diretora da Câmara. É nesse momento que percebemos o quanto somos vulneráveis. Neste contexto, como me distancio do medo? Fui obrigada a pedir à Polícia Federal o reforço da minha segurança. Ando triste pelo meu irmão, pelo Brasil. Como parlamentar, acabamos lidando com segurança pública, mas me ver no meio disso tudo é ruim demais, um desalento", completou.
Apesar de grupos reivindicarem a autoria do crime, como mencionado por Sâmia, a deputada acredita nos indícios de que, segundo a principal linha de investigação, o irmão teria mesmo sido morto por traficantes por engano. Policiais civis e federais, que atuam em conjunto no caso, apuram se um dos médicos que estavam com Diego pode ter sido confundido, por um grupo rival, com um integrante de uma quadrilha que atua naquela região.
“Quando soube do crime, imaginei imediatamente uma represália contra mim. Hoje, a investigação aponta para morte por engano e não duvido das investigações realizadas até aqui. Mas eu sempre recebi muitas ameaças e não consigo me distanciar desse tipo de pensamento involuntário, já que essas intimidações não cessaram após o assassinato do meu irmão”, afirmou Sâmia.
A deputada disse ainda temer que, por conta da execução dos supostos assassinos do seu irmão e dos outros dois médicos, o caso não tenha uma solução.
“Temo muito pela falta de um desfecho. Conhecemos a segurança do Brasil e do Rio de Janeiro. E não se trata apenas de saber quem apertou o gatilho ou mandou apertar, mas há uma estrutura por trás. Isso foi consequência de algo maior. Considerando essa linha, tenho medo sim de não irmos tão a fundo. Mas, é claro que novas hipóteses ainda podem surgir e isto também amedronta muito a minha família”, concluiu.