JUSTIÇA
A mando de Rosa Weber, PF faz busca e apreensão nos endereços de trio suspeito de agredir Moraes
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 18/07/2023 às 19:01
Alterado em 18/07/2023 às 20:57
A Polícia Federal (PF) cumpriu, na tarde desta terça-feira (18), mandados de busca e apreensão em endereços da cidade de Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo, que são ligados aos três familiares suspeitos de agredirem e xingarem o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As ofensas teriam sido proferidas no Aeroporto Internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira passada (14).
Os mandados foram expedidos pela presidente do STF, ministra Rosa Weber, após pedido da própria PF. Os investigados são o empresário Roberto Mantovani Filho, de 71 anos, à esposa dele, Andréa Munarão, e ao empresário Alexandre Zanatta, genro do casal. Por meio de nota, a PF confirmou o cumprimento dos mandados em duas residências. A informação é do jornal Metrópoles.
"As ordens judiciais estão sendo cumpridas no âmbito de investigação que apura os crimes de injúria, perseguição e desacato praticados contra ministro do STF”, informa o texto.
Segundo o advogado dos três investigados, Ralph Tórtima, as buscas ocorreram nas residências e automóveis dos investigados. Ele confirmou que os celulares e computadores dos suspeitos foram apreendidos: “Uma busca em torno de celular querendo encontrar alguma vinculação de algum deles com alguma questão relacionada com urna eletrônica ou ataque golpista, o que não existe”, disse. Todo o material foi lacrado e enviado para o delegado da PF em Brasília, responsável pelo inquérito.
O advogado afirma que Roberto e Andréa chegaram para depor na sede da PF em Piracicaba, vizinha de Santa Bárbara, também na tarde desta terça, já sem os telefones. Durante o depoimento, o advogado do informou que ainda não sabia dos mandados expedidos pelo STF no domicílio do casal.
Os depoimentos
Na oitiva, o empresário negou aos agentes ter agredido o filho de Moraes, homônimo ao pai. Ralph Tórtima alegou, porém, que seu cliente admitiu um “entrevero”, uma confusão envolvendo várias pessoas, ocasião em que teria empurrado o filho do ministro para "afastá-lo" de sua esposa, Andréa Munarão, mas que agiu assim para defendê-la de "ofensas pesadas".
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“Ele (Mantovani) reconheceu que houve um entrevero com um jovem que estava no local e que esse jovem eles sequer sabiam quem era. Ele nega ter havido empurrão, ele disse que, em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa. Ele sequer sabia quem era, mas era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas e desrespeitosas à sua mulher", afirmou o advogado que representa o casal.
O defensor ainda declarou que Mantovani não ofendeu em nenhum momento o ministro do Supremo. Segundo Ralph, o casal relatou que o começo da briga teria sido motivado apenas por conta de uma disputa por espaço na sala VIP do aeroporto de Roma. Roberto e Andreia Mantovani não conseguiram entrar pela falta de lugares disponíveis e teriam se incomodado ao ver o ministro passando com a família.
"Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso não tem”, teria dito Andreia, segundo o advogado Tórtima Filho. "O senhor Roberto deixou claro que jamais proferiu, em momento algum, qualquer ofensa direcionada ao ministro", completou.
O depoimento de Mantovani, que começou por volta das 9h30, durou pouco mais de duas horas e meia. Em seguida, Andréia Munarão também foi ouvida pelo mesmo período. A PF também ouviu o filho do casal, Giovani, de 20 anos, por quase duas horas. Ele é testemunha do caso.
No domingo (16), o empresário e corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, genro do casal, já havia negado para a Polícia Federal ter hostilizado ou agredido o ministro. Ele também prestou depoimento em Piracicaba.
De acordo com o advogado, a defesa não tem outras testemunhas e o próximo passo da investigação será a oitiva das vítimas. Durante o depoimento, a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, determinou busca e apreensão na residência dos três suspeitos.
O caso
Na última sexta-feira, Mantovani, Andréia e Alex Zanatta se envolveram em uma confusão com o ministro do Supremo. Na ocasião, Moraes teria dito que o ministro era “bandido, comunista e comprado”.
Em representação à PF, Moraes teria relatado que estava na área de embarque do aeroporto por volta das 19h quando Andréa Munarão se aproximou e deu início aos xingamentos. A informação é da colunista Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.
Em seguida, Roberto Mantovani Filho "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada", teria declarado Moraes.
O ministro acrescentou que, momentos depois, "a esposa Andréia e Alex Zanatta, genro do casal, retornaram à entrada da sala VIP onde eu e minha família estávamos e, novamente, começaram a proferir ofensas".
À PF, Moraes contou ainda que foi falar com o grupo para pedir que parassem com as agressões. "Alertei que seriam fotografados para identificação posterior, tendo como resposta uma sucessão de palavras de baixo calão." As fotos foram incluídas na representação. Depois disso, o ministro e sua família entraram na sala VIP e os agressores ficaram do lado de fora.