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Símbolo da categoria, Renato Sorriso participa de ato de garis grevistas

"Sou gari também", afirmou, enquanto colegas discursavam contra a prefeitura

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O movimento dos garis do Rio ganhou um componente de peso nesta quinta-feira (6). Renato Luz Feliciano Lourenço, mais conhecido como Renato Sorriso, gari que ficou conhecido em todo o país e até no exterior por levar sua alegria e seu samba no pé, participava nesta manhã de ato dos grevistas em frente à sede da Comlurb, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Mas desta vez estava, ele estava com o semblante fechado. Perguntado se era a favor da greve, ele foi direto: "Eu sou gari também. Estou aqui porque sou gari e trabalhador."

Renato separou o personagem Sorriso do profissional da limpeza: "Uma coisa sou eu sambando, outra coisa sou eu gari", disse, enquanto colegas discursavam em frente à sede da Comlurb. Eles protestavam contra a postura da empresa, que estaria coagindo trabalhadores a voltarem a trabalhar. Em assembleia, a categoria decidiu pela manutenção da greve, e partiu em passeata até a Prefeitura do Rio.

O movimento quer um encontro com representantes da prefeitura para negociar nova proposta de ajuste salarial e melhores condições de trabalho, em vez da que foi acordada pelo sindicato e pela Comlurb na segunda-feira e que prevê aumento de cerca de R$ 70. Os garis reivindicam um reajuste de R$ 400.?

Eles negam as acusações de envolvimento politico do movimento. "Isso não tem a ver com politica, mas com salário. Eu quero um salário justo", afirmou o gari Celio Viana, há 12 anos na Comlurb. Segundo ele, a diretoria do sindicato dos garis é a mesma há décadas e não representa os interesses dos trabalhadores. 

Na Comlurb dede 1989, Paulo Chagas, que limpava a Marques de Sapucaí na manhã desta quinta-feira sob escolta da guarda municipal, fez questão de mostrar o contracheque em que se lia como salário referência R$ 847,44. “O gari quer dignidade. Estou trabalhando porque fui coagido. Dizem que a greve acabou, mas é só você olhar como está a cidade”, afirmou.

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Na avenida presidente Vargas, próximo a prefeitura da cidade, os moradores se esforçavam para atravessar a rua sem pisar no lixo acumulado nas esquinas. A situação é pior nas áreas por onde passaram blocos carnavalescos, como na orla da zona sul, na avenida Rio Branco e na Praça XV. Caso se confirmem as previsões de chuva para hoje, o lixo pode entupir bueiros e agravar a situação.

Três garis foram detidos ontem à tarde, acusados de impedir colegas de limparem a praia de Ipanema. O prefeito chegou a sugerir que havia algum tipo de interesse político por trás do movimento.

Os grevistas pedem R$ 1.680 de piso salarial - R$ 1.200, mais 40% de insalubridade - e R$ 20 de vale-refeição. A prefeitura oferece R$ 1.224 - R$ 874, mais 40% de insalubridade - e R$ 16 de vale-refeição. A greve já dura seis dias.

Com Portal Terra