ASSINE
search button

Ativistas protestam contra a desocupação do antigo Museu do Índio

Compartilhar

Cerca de 50 manifestantes que apoiam a causa dos indígenas da Aldeia Maracanã realizam nesta tarde um protesto em frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro do Rio. Eles saíram da Aldeia Maracanã, que fica na Zona Norte da cidade, após a confusão e retirada dos índios do imóvel, e se reuniram nas instalações da Uerj. De lá, convocaram, às pressas, a imediata manifestação em frente à Alerj.

Ao chegarem à escadaria da Alerj, os ativistas fecharam a Avenida 1º de março, mas segundo os protestantes, a intenção era interromper o trânsito entre 10 a 20 minutos, apenas. No entanto, o clima ficou mais tenso com a chegada do Batalhão de Choque da Policia Militar, que, de acordo com os manifestantes, “chegaram ao local com violência, batendo e utilizando o spray de pimenta e taser, arma utilizada pelos policiais que dispara choques no alvo".

Faixas e cartazes estão sendo estendidas pelos ativistas e os policiais ainda acompanham a manifestação, que agora segue pacífica. Ainda segundo os apoiadores da causa, o batalhão pediu reforço da Guarda Municipal, que teria chegado com mais violência ainda do que o Batalhão de Choque, agredindo os ativistas com cassetetes. Porém, o comandante Camargo, da Polícia Militar, nega que houve violência na chegada: “Apenas pedimos que saíssem da rua e fossem para a calçada. Não foi nada demais. Foi o suficiente para desobstruir a via”, afirmou. Houve cinco detidos que foram encaminhados para a 5ª DP, na Avenida Gomes Freire, entre eles, o índio Ash Ashaninka.

>> Índios que aceitaram proposta do governo já estão em hotel

>> Aldeia Maracanã: Freixo diz que entrará na Justiça contra violência policial 

>> Marta Suplicy defende preservação da Aldeia Maracanã

>> Veja o depoimento de Milton Nascimento

>> Veja o depoimento de Chico Buarque

Fabrício Silva, um dos integrantes do protesto, garante que a luta continua: “Pretendemos juntar muito mais pessoas daqui pra frente e fazer mais manifestações populares”, disse ele.

Demolição

Após muita polêmica e manifestação de importantes nomes da classe artística e até da ministra da Cultura, Marta Suplicy, o governo do Estado desistiu de demolir o antigo Museu do Índio, mas decidiu que local passará a abrigar o Museu Olímpico. A demolição faria parte das obras no entorno do Maracanã visando a Copa do Mundo de 2014. No local, seria construído um estacionamento.

Mobilização

Além da ministra da Cultuta, Marta Suplicy, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Letícia Sabatella e Teresa Seiblitz  também já declararam abertamente apoio à causa. Em artigo no O Globo, Caetano criticou a "vulgaridade que ronda a atual administração estadual". Já Chico Buarque atacou a decisão do poder público, que também atinge o Estádio Célio de Barros, o Parque Júlio Delamare e a Escola Municipal Friedenreich. Milton Nascimento afirma ser "totalmente contra" a ideia de demolir o prédio histórico para a construção de obras de mobilidade urbana visando a Copa. Segundo Milton, muito pouco se faz neste país para preservar a memória dos índios. 

Governo do Estado "não abre mão" do Museu Olímpico  

O governo do Estado do Rio ofereceu aos índios, na quinta-feira (21), três últimas e novas ofertas - além do Hotel Acolhedor Santana II, da prefeitura - para desocupar o local, já que as autoridades afirmaram "não abrir mão de que o local abrigue um Museu Olímpico". 

Entre as propostas apresentadas pelo secretário de Assistência Social  estão três opções de bairros para os indígenas: Jacarepaguá, Bonsucesso e um galpão ao lado do barracão da Odebrecht na rua Visconde de Niterói, o mais próximo de onde atualmente moram, no bairro Maracanã. 

A secretaria ainda se comprometeu a construir um Centro de Referência Indígena em outro local que, por enquanto, seria um galpão na Quinta da Boa Vista, onde ainda funciona a unidade prisional Evaristo de Moraes, em processo de desativação. A previsão de conclusão deste centro, segundo o secretário, seria de um ano e meio. Um ano para desativar e demolir o centro prisional e meio ano para a construção do novo imóvel. 

Além disso, o estado também promete criar um Conselho Estadual de Direitos Indígenas, cujo o objetivo seria o de "monitorar o funcionamento do centro de referência da cultura dos povos indígenas. O órgão atuaria como consultor do estado na formulação de políticas de defesa e promoção dos direitos indígenas", afirmou.

Quem não aceitar a permanência no hotel da prefeitura ou as três novas opções oferecidas, será oferecido pelo governo do estado o aluguel social, no valor de R$ 400 mensais por família, até a inauguração do Centro de Referência Indígena.

*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil.