A ministra da Cultura, Marta Suplicy, conversou com o governador em exercício do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, para manifestar a posição do Ministério da Cultura (MinC) a favor da preservação da Aldeia Maracanã, antigo Museu do Índio, prédio datado de 1862, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
A ministra disse que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC) já recomendou ao estado o tombamento do imóvel.
“O Brasil é um país que respeita e valoriza a diversidade. Cada vez mais isto é reconhecido no mundo. Esperamos que prevaleçam o interesse na preservação do patrimônio material e imaterial e a sensibilidade do governo do estado”, afirmou a ministra. No último dia 18, os índios receberam ordem de despejo com um prazo de até 10 dias para deixar o prédio histórico.
O pronunciamento da ministra da Cultura chega num momento em que vários artistas de peso se manifestam a favor da preservação do local, ameaçado de demolição pelos governos do Estado e município, que pretendem construir um estacionamento para a Copa do Mundo de 2014.
Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Letícia Sabatella e Teresa Seiblitz também já declararam abertamente apoio à causa. Em artigo no O Globo, Caetano criticou a "vulgaridade que ronda a atual administração estadual". Já Chico Buarque atacou a decisão do poder público, que também atinge o Estádio Célio de Barros, o Parque Júlio Delamare e a Escola Municipal Friedenreich. Milton Nascimento afirma ser "totalmente contra" a ideia de demolir o prédio histórico para a construção de obras de mobilidade urbana visando a Copa. Segundo Milton, muito pouco se faz neste país para preservar a memória dos índios.
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O drama da aldeia
A polêmica envolvendo a Aldeia Maracanã já se arrasta há meses. Os índios que ocupam o local lutam pela preservação do prédio histórico, mas que cujo destino parece estar traçado pelo governo do Estado. Entre decisões judiciais, intimidações com ação da polícia no entorno da aldeia e diversas manifestações de apoio de ativistas e políticos, o drama teve mais um capítulo no último sábado, quando o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Domingos Dutra, divulgou nota na qual reforça sua solidariedade aos indígenas, critica a "pressa" com que os governos municipal e estadual querem desocupar o prédio, cobra explicações imediatas e lamenta a situação dos índios. Nesta semana, a Defensoria Pública da União recebeu um abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas defendendo a preservação do local.
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