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Perícia feita após liberação do carro de Thor é considerada incomum por perito

Polícia não descarta possibilidade de 3º exame ser feito em automóvel levado por família Batista

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Uma segunda perícia realizada no Mercedes SLR Mc Laren dois dias depois do acidente, quando o veículo já havia sido levado pela família do atropelador Thor Batista, filho do bilionário Eike Batista, não seria comum e causou estranheza ao perito criminal Joel Ribeiro Fernandes, que atuou por mais de 15 anos na elucidação de casos similares junto à Polícia Civil de Porto Alegre.

Segundo Joel, o procedimento correto, neste caso, seria manter o veículo de posse da Polícia Rodoviária Federal ou da Polícia Civil do Rio até que se realizasse uma perícia mecânica no veículo. Para isso, segundo Fernandes, precisa-se de um outro grupo de especialistas para checar sobretudo as condições nas quais se encontravam as partes inferior e interior do veículo. 

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"O primeiro procedimento é uma perícia no local do acidente, cujo laudo deverá explicitar a iluminação no momento do acidente, o tipo de calçamento da via e a posição do veículo depois do atropelamento. Depois deveria ter sido feita, se é que não foi, uma perícia mecânica, com o estado do carro. Para isso o carro deve ser levado para um depósito, suspendido e examinado. O que me intriga é o fato de uma segunda perícia ser realizada depois que a família retirou o veículo do pátio da PRF. Não é um procedimento comum", destacou o especialista. 

Questionado por jornalistas sobre o fato da família ter retirado a Mercedes SLR Mc Laren antes de uma perícia complementar ser realizada, o advogado de Thor, Celso Villardi, afirmou que o veículo continua à disposição da polícia e sem qualquer adulteração.

"O carro está à disposição para quantas perícias forem necessárias. Ele está intocável", disse.

O acidente

O filho do empresário Eike Batista, Thor Batista, atropelou e matou um ciclista na noite de sábado na pista sentido Rio da rodovia Washington Luís. Detalhes a respeito de como se deu o acidente ainda são controversos. Thor alega que, no momento do choque, dirigia em velocidade compatível com a máxima permitida na estrada, e culpa a vítima pelo atropelamento. As informações, no entanto, são contestadas por familiares do ciclista e por supostas testemunhas.

Outra informação que complica o caso, apurada nesta terça-feira pelo Jornal do Brasil, é a de que o carro que causou o atropelamento, um Mercedes-McLaren, foi autorizado a ser retirado por familiares de Thor do pátio da Polícia Rodoviária Federal antes da perícia no veículo ter sido realizada por completo. O delegado titular da 62ª DP (Imbariê), Hilton Pinho Alonso, responsável por investigar o caso inicialmente, afirmou que uma "perícia complementar" foi realizada no Mercedes, depois que o carro já havia sido devolvido à família. A informação foi confirmada pela assessoria da EBX, empresa de Eike Batista.