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Retrospectiva 2011 - política: queda de ministros e impunidade em Brasília

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No primeiro ano de uma mulher no centro do poder no Brasil, as palavras de ordem em Brasília foram continuidade e faxina. Mesmo antes de completar um ano no poder, a presidente Dilma Rousseff (PT) viu sete ministros caírem, seis deles envolvidos em supostos esquemas de corrupção. 

A primeira baixa foi a do ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. Substituído pela  senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Palocci deixou o cargo após ser alvo de uma série de denúncias sobre o rápido crescimento do seu patrimônio nos últimos quatro anos

Palocci foi apenas o primeiro da lista, que depois seria reforçada por Alfredo Nascimento (do Ministério dos Transportes, acusado de envolvimento num esquema de propina), Wagner Rossi (do Ministério da Agricultura, derrubado por conta de supostas irregularidades no na Companhia Nacional de Abastecimento), Pedro Novais (do Ministério do Tursimo, que teria usando verbas públicas para fins pessoais), Orlando Silva (do Ministério do Esporte, acusado de desivar dinheiro da pasta para o seu partido, o PC do B) e finalmente Carlos Lupi (do Ministério do Trabalho, acusado de tráfico de influência). 

Além deles, o ministro da Defesa Nelson Jobim também caiu, mas não por denúncias de corrupção, e sim por discordâncias com o governo. Antes de cair, Jobim disse que a ministra Gleisi Hoffmann era "fraquinha" e admitiu ter votado em José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais do ano passado. 

Escândalos na Câmara

Dois episódios marcaram que revoltaram boa parte da população nasceram na Câmara dos Deputados: a absolvição de Jaqueline Roriz (PMN-DF) e os episódios de homofobia envolvendo Jair Bolsonaro (PP-RJ). Em particular, a absolvição de Jaqueline Roriz chocou o país em função do corporativismo descarado do Congresso. 

Flagrada em vídeo recebendo dinheiro do principal operador do mensalão do DEM, Durval Barbosa, a parlamentar foi alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar. Apesar de toda a pressão pública, os deputados absolveram a colega numa votação secreta na qual quase ninguém admitia ter inocentado Jaqueline. O escândalo reforçou a Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto, que pretende acabar com  o mecanismo. 

Já Jair Bolsonaro causou indignação em boa parte do país graças às fortes críticas ao movimento gay. No entanto, a pedra fundamental da revolta popular contra o parlamentar foi a entrevista ao programa CQC na qual ele deu a entender que namorar um negro seria "promiscuidade". Bolsonaro, no entanto, logo deixou claro que não entendeu perfeitamente a pergunta, emendando que "mesmo que fosse racista, não seria idiota em declarar isso em rede nacional". As críticas contra o movimento LGBT, no entanto, se mantiveram. Em determinada ocasião, Bolsonaro chegou a questionar a sexualidade da presidente Dilma, mas depois também acabou negando que o tivesse feito.

A herança da indignação

Episódios como o de Jaqueline Roriz, Jair Bolsonaro, a não aplicação do Ficha Limpa e os seguidos casos de corrupção no governo de Dilma Rousseff foram os catalisadores de grandes marchas populares pelo país. Também impulsionada pelas redes sociais, as Marchas contra a Corrupção foram realizadas em diversos estados brasileiros, relembrando, mesmo que em menor escala, os tempos de ativismo político da ditadura militar. 

Além da corrupção, o Rio de Janeiro ainda teve a marcha pelos royalties, já em novembro, na qual a população exigiu do governo a revisão da partilha do petróleo.

Drama de Lula

Presidente mais popular do Brasil nas últimas décadas, Luiz Inácio Lula da Silva comoveu o país em outubro ao revelar que estava com um tumor na laringe. A descoberta veio após um incômodo que sentiu na garganta durante a comemoração do seu aniversário de 66 anos. Dois dias depois, o ex-presidente começou a ser submetido a sessões de quimioterapia. 

O assunto repercutiu no mundo todo e analistas políticos ressaltaram que a doença deve impulsionar a popularidade de Lula e influenciar diretamente as eleições de 2012 e 2014. 

Perdas

Duas perdas deixaram o Brasil de luto em 2011: os mineiros Itamar Franco e José Alencar morreram em julho e março, respectivamente. O ex-vice-presidente José Alencar, depois de 13 anos lutando contra o câncer e 17 cirurgias, morreu em São Paulo

Já o ex-presidente Itamar Franco foi vítima de um acidente vascular cerebral enquanto fazia tratamento contar a leucemia. Internado durante três meses em um hospital de São Paulo, teve seu quadro agravado por uma pneumonia e não resistiu