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'Financial Times': Entrada de Marina na corrida presidencial foi benéfica

Candidata estaria impulsionando a ideia da necessidade de mudanças em outros candidatos

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De acordo com o Financial Times, a ascensão da candidata Marina Silva refletida nas pesquisas relativas à eleição presidencial de outubro aponta para um profundo desejo de mudanças. O jornal, em matéria desta terça-feira (9) disse que a subida da ex-seringueira de 56 anos da Amazônia tem sido incrível, visto que há apenas quatro semanas, Marina era candidata à vice-presidente com a certeza da derrota. O quadro mudou após Eduardo Campos, primeira opção do PSB para a presidência, morrer em um acidente de avião e lançar Marina Silva como substituta nas eleições.

Mesmo que Marina não ganhe as eleições, a entrada da candidata na corrida eleitoral teria melhorado as eleições, segundo o Financial Times. Até mesmo a candidata Dilma Rousseff (PT) já teria começado a abraçar a ideia de necessidade de mudanças, prometendo também um novo governo caso seja reeleita.

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O jornal lembra que Marina Silva terminou as eleições presidenciais de 2010 na terceira posição, com 20% dos votos, mas que desta vez está disputando a preferência dos eleitores em paralelo à candidata a reeleição Dilma. As últimas pesquisas analisadas pelo Financial Times indicariam que Marina Silva pode vencer a corrida presidencial em uma provável batalha de segundo turno com Dilma.

Duas razões são apontadas pelo jornal para a popularidade crescente de Marina Silva. A primeira seria um exemplo de vida exemplar, visto que a candidata sofreu durante a infância por conta da pobreza, foi empregada doméstica, aprendeu a ler sozinha antes de se tornar professora, ativista ambiental ao lado de Chico Mende, senadora e ministra do Meio Ambiente. A origem humilde garantiria apoio das camadas populares e a postura ambientalista apanharia os votos da classe média metropolitana. Investidores também teriam simpatia pela candidata por conta de suas crenças econômicas ortodoxas – tal qual a independência do Banco Central.

A segunda razão que o jornal aponta é o status de mudança que Marina vem trazendo consigo. Segundo o Financial Times, após os 12 anos de mandato, o PT perdeu grande parte do apoio anterior. A própria comunidade empresarial teria perdido a fé na capacidade de Dilma em reacender a economia estagnada. Marina Silva seria, portanto, a principal beneficiária desse crescente descontentamento com a candidata rival – que teria ficado ainda mais explícito durante as manifestações de junho de 2013, quando milhares de brasileiros estiveram nas ruas protestando contra corrupção, serviços públicos de má qualidade e diversas outras coisas.

O jornal pontua que algumas das promessas de campanha de Marina Silva, como um suposta expansão dos serviços sociais, são caras e podem acabar tendo que ser revistas. Quanto às acusações de que Marina não possuiria experiência executiva, ele se defende usando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que também não tinha quando se tornou presidente em 2002. A acusação mais prejudicial feito pelos candidatos concorrentes é a de que Marina iria dificultar coligações políticas necessárias para avançar com reformas. Além disso, sua relação com a religiosidade é outro ponto que o jornal pontua como algo que deixa uma parcela do eleitorado receoso.

Segundo o Financial Times, o Brasil seria essencialmente um país marcado por uma política conservadora e quando os eleitores passam a buscar mudanças políticas, precisam que ela venha a partir de um líder confiável – e não um radicalista. Contudo, a situação de Dilma não pode ser ignorada: a atual presidente mantém um bloco sólido de apoio entre os mais pobres no Brasil e existe a estatística de que nenhum presidente latino-americano que se candidatou à reeleição na última década perdeu. A recente recuperação do mercado também conta pontos para a candidata à reeleição.

* Do programa de estágio JB