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'The Economist': Marina precisaria provar alguns pontos antes de ser presidente

Jornal de Londres avaliou reviravolta na campanha presidencial do Brasil, através de Marina Silva

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Após apenas algumas semanas de campanha, Marina Silva pode ser a candidata eleita para governar o quinto país mais populoso do planeta e a sétima economia mundial. É o que aponta o jornal britânico The Economist em matéria publicada nesta sexta-feira (5). Há menos de um mês atrás, Marina era candidata à vice-presidência pelo candidato Eduardo Campos (PSB), que vinha perdendo em terceiro lugar de acordo com as pesquisas eleitorais. Agora, após a morte de Campos em um trágico acidente de avião, a candidata assumiu a campanha à presidência e cresceu com forte destaque nas pesquisas. O The Economist apontou que, em um eventual segundo turno, as pesquisas têm indicado uma provável vitória de Marina Silva sobre a atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

O jornal lembrou ainda que Marina Silva não é nenhuma novata no campo da política. De acordo com a matéria, a atual candidata à presidência foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT) – partido da principal concorrente de Marina na corrida presidencial, Dilma Rousseff –, foi ministra do Meio Ambiente no governo de Luís Inácio Lula da Silva e terminou a corrida presidencial de 2010 em terceiro lugar. A candidata teria um forte apelo com a população mais pobre, por ser a camada social de onde Marina veio, com o mercado, por conta de sua plataforma econômica ortodoxa, e com o brasileiro comum, que já vem desejando uma mudança na polarização entre os governos do PT e do PSDB, partido do também candidato Aécio Neves.

Contudo, Marina precisaria superar ainda dois pontos, de acordo com o The Economist. O primeiro seria a reputação de intransigente que a candidata carrega, levando em conta que as alianças partidárias em governos de coalizão são a norma no Brasil. O jornal lembra que em 2008, Marina abandonou o Ministério do Meio Ambiente por conta das oposições que encontrou quanto as suas políticas ambientalistas. Além disso, a fé pentecostal de Marina Silva faz com que ela seja vista como uma candidata conservadora em pontos como o casamento gay.

O segundo ponto estaria ligado à questão da experiência executiva: Dilma Rousseff já foi presidente e Aécio Neves governou o estado de Minas Gerais. De acordo com o jornal, existe um receio acerca da atuação de Marina Silva, que fracassou durante a tentativa de registrar o próprio partido a tempo da campanha presidencial. A falta de conhecimento econômico de Marina Silva é outro fator que o jornal britânico ressalta.

Apesar disso, o The Economist diz que os benefícios da experiência podem ser supervalorizados: Dilma teria sido considerada uma gestora competente antes de assumir, mas teria ajudado a empurrar o Brasil para uma recessão. Marina Silva, por outro lado, conseguiu algumas conquistas expressivas em seu tempo de ministra, envolvendo programas de combate ao desmatamento na Amazônia. A candidata teria tido o que o jornal pontua como bom senso ao ouvir seus conselheiros econômicos e prometer uma reforma tributária e um investimento mais forte no controle da inflação.

* Do programa de estágio do JB