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O caos na saúde privada

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O Brasil, com suas altas cargas tributárias e fiscais, com uma legislação trabalhista que, recentemente, sofreu algumas modificações e com um sistema político totalmente aversivo ao empreendedorismo, é um país que consegue afastar atualmente, quaisquer planos de investimento de capital estrangeiro . 

Mas não é somente isso. De acordo com a Fenacon, Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, nos últimos dois anos foram fechadas no Brasil mais de um milhão e oitocentas mil empresas.

Esse número engloba companhias de todos os tamanhos e setores da economia, inclusive os microempreendedores individuais. O resultado é mais que o triplo do que foi registrado no ano anterior e mostra o tamanho da recessão no âmbito empresarial.

Os dados revelam, ainda, que houve um crescimento de 85% de empresas que encerraram suas atividades no ano de 2016. Isso se reflete na maior crise econômica dos últimos 50 anos, no Brasil. 

A crise atinge todas as áreas e o setor da saúde não poderia ser diferente.

Os Hospitais privados, serviço de grande interesse e necessidade publica, ainda mais nos tempos atuais com a ineficiência da gestão publica em saúde, pede socorro. As cargas tributarias em escala estratosférica, associada à grave crise econômica, com milhões de pacientes que perderam seus planos de saúde fez com que os hospitais da rede privada sofressem uma perda de receita substancial com a manutenção das altas cargas tributárias e de todas as obrigações trabalhistas possíveis. 

Para se ter uma ideia do absurdo que é abrir um negócio no Brasil, o canibalismo do Governo se inicia na geração de empregos. Pagar altos tributos pra gerar vagas de trabalho é o maior absurdo que pode ocorrer no ramo dos negócios. 

Enquanto países desenvolvidos estimulam a geração de empregos e investimentos para incrementar a economia, o Brasil promove a falta de incentivo, sem se preocupar com o amanhã. Uma folha de pagamentos, por exemplo, de um grande hospital (mas poderia ser de qualquer outra empresa) de Um milhão de reais é acrescida de meio milhão de reais, somente de INSS. Acrescente-se a isso o FGTS e o valor de ambos os tributos atinge 700 mil reais. Esses impostos são a condenação de quem gera empregos e fortalece a economia. A inversão atual do gráfico entre a arrecadação e o custo operacional faz com que o caos atinja a saúde privada.

Para piorar a situação, as operadoras de saúde, principalmente as estatais, que também sofrem com a mazela econômica e a corrupção que assola o país, apresentam a maior inadimplência desde a criação dos planos de saúde no pagamento da produção dos hospitais privados. Pagam quando e quanto querem.

A Agencia Nacional de Saúde, órgão fiscalizador da atuação das operadoras de saúde, parece desconhecer essa ação praticada. Lamentavelmente, as operadoras privadas também começaram a seguir a mesma prática. A esse trágico cenário, acrescenta-se, também, o aumento considerável do rigor na fiscalização e a cobrança tributária de órgãos como a fazenda nacional e a receita federal. 

Tudo isso levou inúmeros hospitais a execuções fiscais. Centenas de estabelecimentos em nosso país foram fechados por esse motivo. 

O Rio de Janeiro, mais uma vez, lidera o ranking de hospitais (dessa vez particulares ) fechados nos últimos cinco anos. O caos não é só na saúde pública. É também na saúde privada.

* Luiz Otávio Nazar é Diretor-Geral do Hospital Geral do Ingá