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Família busca apoio para Espaço Jango

Centro cultural está previsto para ser inaugurado em outubro

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Quando viajou ao Uruguai para iniciar seu exílio, Maria Thereza Goulart deixou para trás, entre outras coisas, oito vestidos de gala do famoso costureiro Dener (19371978). Ela não se lembrava, contudo, que um deles, usado em uma recepção no Itamaraty, em 1962, tinha ido parar numa costureira para ajustes. Foi sua então secretária, Maria Moreira, que conseguiu o resgate do longa pérola, confeccionado com rendas francesas. “Guardei como uma relíquia”, suspira a ex-primeira-dama, que cederá a obra-prima de Dener para ser apreciada pelo público no Espaço Jango, um centro cultural cuja inauguração está prevista para outubro. 

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Quem está à frente do projeto, sem fins lucrativos, é a filha Denise — com o devido auxílio da mãe —, que passou a vida pesquisando sobre a trajetória do pai e produziu o filme de Silvio Tendler sobre o ex-presidente, em 1983. “O grande legado de Jango foi sua luta pela democracia e para combater a desigualdade social. Ele sempre sonhou com um Brasil mais justo, menos desigual”, resume. A criação do centro cultural é uma batalha iniciada há três anos, e foram tantas portas fechadas, que ela chegou a desconfiar: “Parece até que a história do meu pai incomoda”, diz. 

Denise, Maria Thereza e a fiel escudeira Monica Gonçalves, gestora de múltipla formação, têm se batido pelo uso não oneroso de espaços públicos abandonados. “Não será uma doação, mas o uso de locais que seriam recuperados sem custos para os responsáveis. Tentamos a Estação Leopoldina, cujo estado está ainda pior do que quando procuramos a secretaria de Transportes; o Edifício A Noite, na Praça Mauá, e o Automóvel Clube, no Passeio, onde Jango fez seu último discurso. Ninguém se interessou’’, lamenta Monica. Agora,  as negociações giram em torno de um imóvel na Glória, prestes a ser concluídas. 

A ideia é criar um lugar vivo e versátil com o que há de mais moderno em termos de tecnologia, como realidade aumentada, holografia, projeção mapeada 3D e 7D. 

O Centro de Documentação disponibilizará todos os documentos do acervo do presidente João Goulart, enquanto o Espaço Cultura e Arte oferecerá oficinas, cursos e palestras em diversas áreas culturais, além de shows, apresentações teatrais e de dança. Estão previstas a exibição de filmes e exposições de artes plásticas, entre outros. No Espaço Educação haverá qualificação e capacitação de professores das redes pública, privada e para educadores populares. Já o Centro de Desenvolvimento Sustentável pretende contribuir para o uso de energias renováveis e projetos de bioconstrução de moradias populares.

Além de buscar patrocínios na iniciativa privada, o espaço visa atrair a sociedade civil a seu Programa de Associados, pelo qual os integrantes fariam doações mensais de R$ 30, R$ 50, R$ 100 ou R$ 200, via cartão de crédito ou débito em conta, o que permitiria a gratuidade de todas as atividades oferecidas no espaço. Um dos presentes enviados em retribuição aos associados será o álbum de figurinhas do centenário do presidente, que não será comercializado.