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Jorge Picciani se encontra com Sérgio Cabral na cadeia

Presidente da Alerj ficou menos de 24 horas preso

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O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, se encontrou com o ex-governador Sérgio Cabral durante sua rápida passagem pela  Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na sexta-feira (17). De acordo com Picciani, as celas se abrem às 8 horas e todos os presos ficam no corredor, onde conversam. Foi lá que houve o encontro, não só com Cabral, mas com "todo mundo que está preso lá", como relatou. Contudo, Picciani não comentou o teor da conversa.

O presidente da Alerj afirmou ainda que estar na cadeia era uma situação "degradante", "muito triste", segundo publicações na mídia.

Picciani foi preso preventivamente na quinta-feira (16), juntamente com os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi - todos do PMDB - por decisão do Tribunal Regional federal da 2ª Região. Os três são investigados pela Operação Cadeia Velha, que apura a prática dos crimes de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas pela presidência da Alerj e outros cargos na Casa.

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Na sexta-feira, a Alerj reverteu a decisão da Justiça por 39 votos a favor e 19 contra, e uma abstenção. Uma hora depois da decisão, Picciani, Paulo Melo e Albertassi deixaram a cadeia em um carro oficial da Alerj. Logo após o término da votação, um funcionário da Casa seguiu para Benfica com um documento à direção da unidade. Picciani já estava em casa antes das 20h. Imagens de TV mostravam o político na janela de sua casa, com um copo na mão. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou ter recebido, no final da tarde, resolução da Assembleia Legislativa determinando a soltura dos deputados.

Acusação

De acordo com a Procuradoria Regional da República da 2ª Região, o presidente da Alerj, Jorge Picciani, seu antecessor Paulo Melo e o segundo vice-presidente, Edson Albertassi, formam uma organização que vem se estruturando de forma ininterrupta desde a década de 1990. O grupo contaria com a participação ainda do ex-governador Sérgio Cabral, que também foi deputado estadual e já presidiu a Alerj.

Ainda de acordo com a Procuradoria, eles “vêm adotando práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para ocultar o produto da corrupção, que incluiu recursos federais e estaduais, além de repasses da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor)”.

O Ministério Público Federal afirma que Jorge Picciani e Paulo Melo receberam mais de R$ 112 milhões em propinas num período de cinco anos. "Planilhas dizem para nós que, no período de 15 de julho de 2010 a 14 de julho de 2015, foram pagos da conta da Fetranspor para Picciani R$ 58,58 milhões, e para Paulo Melo R$ 54,3 milhões. Desse dinheiro, parte foi paga a mando de Sérgio Cabral. Havia um projeto de poder de enriquecimento ilícito por muitos integrantes do PMDB Rio”, disse a procuradora Andréa Bayão Pereira Freire.

O MPF identificou que a indicação de Albertassi para uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) pode ter sido uma manobra para que a organização criminosa retome espaços perdidos com os afastamentos de conselheiros determinados pelo STJ, e também uma forma de atrapalhar as investigações, ao deslocar a competência para a apuração dos fatos e tirar o caso do TRF2. Esta é a primeira vez em que uma investigação ligada à Lava Jato é conduzida por um TRF.