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"Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio", diz ministro da Justiça

Torquato Jardim contesta tese de assalto em morte de comandante de batalhão do Méier 

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O ministro da Justiça, Torquato Jardim, fez críticas contundentes ao governador Luiz Fernando Pezão e à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista ao Blog de Josias de Souza, no portal UOL, nesta terça-feira (31). Segundo Jardim, Pezão e o secretário de Segurança, Roberto Sá, não têm nenhum controle sobre a Polícia Militar.

"Nós já tivemos conversas — ora eu sozinho, ora com o Raul Jungmann (ministro da Defesa) e o Sérgio Etchegoyen (chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) —, conversas duríssimas com o secretário de Segurança do Estado e com o governador. Não tem comando", afirmou Jardim, acrescentando que o comando da PM fluminense decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado". 

Ainda segundo Torquato Jardim, a morte do comandante do 3º Batalhão da PM (Méier), Luiz Gustavo Teixeira, na última quinta-feira (26), trata-se de um "acerto de contas", e não de um assalto. ''Esse coronel que foi executado ninguém me convence que não foi acerto de contas. Ninguém assalta dando dezenas de tiros em cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele”, afirmou o ministro. "Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio", completou Jardim.

O ministro afirma que com Pezão "não será possível" melhora na situação da segurança do estado - "a virada da curva ficará para 2019, com outro presidente e outro governador" - e que, diante do fato de que "a milícia está tomando conta do narcotráfico" em decorrência da prisão de chefes do tráfico, essa horizontalização deu mais poder aos comandantes de batalhões da PM.

"Não tem um chefão para controlar. Cada um vai ficar dono do seu pedaço. Hoje, os comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio", sentencia Torquato Jardim.

O governo do Rio divulgou nota a respeito das declarações do ministro. Na nota, Pezão reforça que o governo do estado e o comando da Polícia Militar não negociam com criminosos.

Veja a nota: 

NOTA À IMPRENSA

O governador Luiz Fernando Pezão afirma que o governo do estado e o comando da Polícia Militar não negociam com criminosos, ressaltando que "o comandante da PM, coronel Wolney Dias, é um profissional íntegro". O governador destaca ainda que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, nunca o procurou para  tratar do assunto abordado pelo ministro na entrevista concedida ao UOL. Pezão frisa também que as escolhas de comandos de batalhões e delegacias fluminenses são decisões técnicas e que jamais recebeu pedidos de deputados para tais cargos.