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Missa celebra 25 anos da ordenação sacerdotal de Padre Jorjão

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Na noite de terça-feira (8), uma Missa Solene em Ação de Graças, presidida pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, celebrou na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, os 25 anos de ordenação sacerdotal do agora Cônego Jorjão. 

O Jornal do Brasil, durante a semana que antecedeu a celebração da missa, fez uma homenagem ao Padre Jorjão, com o "justo reconhecimento a este homem que, com certeza, não tem a santidade com as formalidades do sacramento de Deus, mas é um santo."

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Padre Jorge Luiz Neves Pereira da Silva, mais conhecido como Padre Jorjão, recebeu ainda o título de cônego durante a celebração do dia 8, em reconhecimento aos serviços prestados à Igreja Católica.

Centenas de pessoas estiveram presentes, entre elas o vice-governador do Rioo, Francisco Dornelles, e a mulher, Cecília Andrade Dornelles, a primeira-dama, Maria Lúcia Cautiero Horta Jardim, além da família imperial. Dois corais, um da Paróquia Nossa Senhora da Paz e outro da Paróquia Nossa Senhora de Copacabana, apresentaram cânticos festivos ao sacerdote. Além do arcebispo, também participaram da celebração o bispo emérito, Dom Karl Josef Romer, e o bispo da Diocese de Itaguaí, Dom Frei José Ubiratan Lopes, os dois a quem Padre Jorjão agradeceu pelo auxílio na caminhada sacerdotal, os bispos auxiliares da Arquidiocese do Rio, Dom Antonio Augusto e Dom Joel Portella, além de dezenas de padres.

Uma vida de entrega

São 25 anos de entrega a Deus e muito trabalho diário ao povo do Rio de Janeiro. Toda a família carioca o conhece, dos mais novos aos “jovens há mais tempo”, como sempre brinca. As crianças se divertem quando são erguidas por ele e recebem a bênção, fazendo o sinal da cruz. Os jovens, por quem tem tanta admiração, acolhem o sacerdote como dirigente espiritual na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e em tantas outras igrejas. Alguns deles cresceram ouvindo seus conselhos, namoraram e, quando chegou o tempo do matrimônio, já tinham certo na cabeça: “Quem vai fazer meu casamento é o Padre Jorjão!”. Os idosos escutam atentos os seus conselhos, que nunca deixam de ter uma palavra de fé, ânimo e coragem. E é assim que todos que acompanham a caminhada o consideram: um pai espiritual.

Movido sempre pelo amor e pela caridade, o incansável padre também tem o olhar atento aos mais necessitados, visitando orfanatos, asilos, casas de repouso, entre outras instituições de assistência social. Pela população em situação de rua tem um carinho especial, escutando e aconselhando quem encontra. Nessa missão teve o incentivo de um grande amigo carioca que hoje está no caminho de se tornar santo, o Servo de Deus Guido Schaffer. Antes e depois de sair pelas ruas da cidade, curando feridas e levando a Palavra de Deus, o jovem médico e seminarista sempre rezava ao Pai do Céu e também pedia o aconselhamento do “pai” aqui na terra, como Guido considerava Padre Jorjão.

Nos últimos anos, o sacerdote passou por alguns momentos marcantes. Um deles foi realizar o sonho de ajudar a organizar e participar da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho de 2013, e estar com Papa Francisco no encontro com representantes da sociedade civil, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião, ele entregou uma imagem de São Francisco, por quem tem devoção, ao Sumo Pontífice.

Confira entrevista concedida ao Jornal Testemunho de Fé

Testemunho de Fé: Como surgiu seu chamado à vida sacerdotal?

Padre Jorjão: Começou com uma homilia de Dom Romer em que ele dizia que 90% dos jovens já tinham sentido alguma vez na vida o desejo de ser padre. Eu que já fora coroinha quando criança e que gostava muito de ir à missa e ficar rezando diante da imagem de Jesus crucificado fiquei muito impressionado. Foi então que vi um filme de Zefirelli: “Irmão Sol, Irmã Lua”, sobre São Francisco de Assis. Fui conversar com o frei Ivan, sobre a via Franciscana. Ele era um irmão que cantava como um anjo, nos recebia com um abraço caloroso e um sorriso que nos convidava à amizade. Desde então, fazia parte do grupo de jovens Grupo Alicerce Capuchinhos, e entrei no grupo vocacional, onde conheci Frei José Ubiratan, hoje Bispo Diocesano de Itaguaí, na época mestre de noviços. A partir de então, vinha todos os dias rezar as vésperas com os noviços, participava da missa conventual e da Adoração Eucarística, após a oração das Completas, toda 6ª feira à noite.  Eram momentos de profundo encontro com o Bom Deus, em que descobri que Ele me chamava a consagrar a Ele a minha vida.

TF: O senhor também tem outras formações. Como elas contribuíram para o sacerdócio?

Padre Jorjão: No âmbito religioso, cursei o Mestrado em Direito Canônico e estudei música. Sempre gostei de música. Desde pequeno ouvia minha mãe cantar, e estudei piano. Além disso sempre gostei de estudar línguas estrangeiras, o que me ajudou sobretudo nas Jornadas Mundiais da Juventude, que tive a graça de participar de sua grande maioria.

TF: Quais experiências mais te marcaram na vida sacerdotal? Pode contar uma que tem guardada em seu coração até hoje?

Padre Jorjão: Além das Jornadas Mundiais da Juventude, das quais participei de quase todas, lembro-me com muito carinho do coral de quase 2000 jovens durante o Encontro Mundial das Famílias com o Papa São João Paulo II, um convite que recebi de pessoas muito queridas como Christina Sá e Martucha. Como esquecer daquele momento maravilhoso? No Maracanã e no Aterro do Flamengo, diante de São João Paulo II, com a arquitetura divina ao fundo, sob a multidão das vozes que entoava o canto da missa de Santa Teresinha: “Tua Igreja é um Corpo, cada Membro é Diferente”. Também tenho muito que agradecer ao meu pároco, Monsenhor Manuel, que sempre me apoiou desde o início e me acolheu com muito carinho na Paróquia Nossa Senhora da Paz. Ele ajudou a me tornar o sacerdote que sou hoje com seu exemplo de padre.

TF: Até hoje o senhor já fez milhares de batizados, Primeira Comunhão e casamentos e conheceu muitas pessoas. Uma que esteve muito perto do senhor é o Servo de Deus Guido Schäffer, que está no caminho de se tornar santo. O que esse jovem significou na sua vida?

Padre Jorjão: Foi a primeira confissão que ouvi como sacerdote em minha vida de padre. Conhecê-lo e conviver com ele foi um dos muitos presentes do Bom Deus em minha vida. Convivi com muitos santos, como Frei Otávio Schneider, franciscano de quem estive perto por 10 anos na Nossa Senhora da Paz. Tantos sacerdotes, religiosas e leigos marcaram esses 25 anos mais 13 de formação. Ao todo 38 anos desde que o Senhor me chamou a servi-lo. 

TF: O que o senhor aprendeu e o que aprende a cada dia com o sacerdócio?

Padre Jorjão: Aprendi com o Povo de Deus que o que importa é o bem que a gente faz, o amor que semeamos. Todo o resto passa. Ninguém vai se lembrar das homilias que você preparou. Depois da missa, costumo perguntar aos jovens o que disse e eles quase sempre nunca se lembram. Mas as pessoas não se esquecem dos doentes que visitamos, das unções nos hospitais e nas casas, dos funerais que participamos nas horas de dor e de luto. Das vezes em que os ouvimos e, mesmo cansados paramos para lhes dar uma benção ou ouvir suas dificuldades. Lembro-me das palavras de meu venerável professor e pregador de minha primeira missa, Dom Estevao Bittencourt: “O Padre é o coração de Cristo junto aos homens; o padre é o coração dos homens junto a Deus”. O que fica neste mundo é o bem que nós fazemos. Termino a entrevista com meu amor à Nossa Senhora, a quem consagrei meu ministério desde o primeiro dia, no Santuário da Medalha Milagrosa. Que nossa Mãe amada vele por todos nós, sacerdotes, consagradas e consagrados, para que sejamos fiéis ao seu divino filho, seguindo seu exemplo.