Na tarde desta segunda-feira (1°), data em que se comemora o Dia Internacional dos Trabalhadores, manifestantes se reuniram na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, para protestar contra as reformas trabalhistas e da Previdência, em trâmite no Congresso Nacional, além da opressão policial vista durante o ato da última sexta-feira (28). Com a presença de centrais sindicais e lideranças políticas de partidos de oposição ao presidente Michel Temer, o ato reuniu milhares de trabalhadores que empunhados de bandeiras e faixas entoavam gritos de ordem.
Entre as lideranças políticas presentes no ato estavam Marcelo Freixo, Flávio Serafini, Glauber Rocha, Renato Cinco, Leonel Brizola Neto, Talíria Petrone (Psol), Benedita da Silva, Wadih Damous, Reimont Luiz Otoni (PT), Alessandro Molon (Rede), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), entre outros.
Uma das principais lideranças da oposição, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) subiu ao palanque, montado na escadaria de entrada da Câmara dos Vereadores, e discursou ao público. Pedindo paz aos policiais e lembrando-os de que a luta daqueles manifestantes, caso seja vitoriosa, será desfrutada por todos, inclusive pela classe policial.
“Eu gostaria de dizer a todos, e principalmente aos policiais que estão aqui para garantir a segurança da população que se essa nossa luta for vitoriosa vocês também serão beneficiados. Vocês também terão direito a se aposentar com dignidade. O MPF é tão atento a certas coisas que não são de tanta importância que nós exigimos que ele cumpra seu principal papel que é fiscalizar a polícia e aquela repressão absurda de sexta-feira. Não estamos lutando de lados opostos”, falou o deputado.
Entre gritos de ordem e batuques, o estudante de Direito da Uerj, Carlos Manoel Albuquerque lembrou que os direitos trabalhistas foram conquistados depois de muita luta, e que, a população não quer que toda essa luta das gerações anteriores tenha sido em vão.
“Nós jovens precisamos nos unir. Essas reformas propostas por esse desgoverno só vão prejudicar as novas gerações de trabalhadores. O presidente precisa entender que os trabalhadores, que são quem serão afetados, não querem que isso aconteça. As gerações mais antigas lutaram, assim como estamos fazendo hoje, para garantir direitos, e agora, o presidente, que nem sequer foi eleito pelo povo, está querendo jogar toda a luta dos nossos pais e avós no lixo. Nós não vamos deixar isso acontecer”, bradou o estudante.
Antes de ceder o microfone, Freixo lembrou que esse ciclo de lutas não pode fazer a população esquecer os outros problemas como as condições precárias das favelas e convocou a população para realizar exercício da democracia.
“A esquerda precisa aprender a ouvir mais do que falar. Da mesma maneira que nós somos contra essa reforma da Previdência, contra a lei da terceirização, nós temos que olhar mais para as favelas. Queremos liberdade para o Rafael Braga, para os militantes que foram presos em São Paulo. Eu convoco a todos aqui. Nós só vamos sair das ruas quando o Michel Temer cair. A democracia é assim. É na rua que é feita a democracia”, discursou Marcelo Freixo.
Por volta das 13 horas houve um princípio de confusão quando um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) se infiltrou no ato. Ele começou a ser hostilizado por manifestantes e foi retirado do local por integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Para o professor aposentado da rede estadual de ensino, Luis Otavio Oliveira, a nova geração, que será mais afetada por todas essas reformas, não pode parar de lutar. O docente lembrou que na última sexta-feira (28) marcou o centenário da primeira greve geral da história do Brasil, e lembrou também de todas as outras lutas que garantiram o direito dos trabalhadores garantidos por lei nos dias atuais.
“Eu me orgulho muito de estar aqui hoje, no alto dos meus 73 anos de idade. Um dia eu vou contar para os meus netos, que ainda são novos, que o avô deles participou dessa luta pelos direitos deles. Lutei para que eles possam ter uma aposentadoria digna, e para que ninguém meta a mão naquilo que é deles. Não podemos aceitar que esse governo rasgue a CLT. Não podemos permitir que eles retirem nenhum direito que foi conquistado através de muita luta, suor e sangue das gerações passadas. Da minha geração. Em memória dos que lutaram por isso no passado, e também em homenagem às mulheres que há cem anos organizaram a primeira greve geral do país. É lindo demais ver a população nas ruas cobrando aquilo que lhes é de direito”, concluiu o aposentado.