Um vídeo que mostra o momento exato em que a Polícia Militar lança uma bomba de gás lacrimogêneo contra um palco montado na Cinelândia repercute nas redes sociais. A bomba foi lançada pela PM no instante em que o deputado estadual Flavio Serafini (Psol) pedia que os agentes não fossem violentos e não lançassem mais bombas, enquanto a multidão, que participava do ato da greve geral, se dispersava. “É importante que todos vejam a forma arbitrária como a tropa de choque agiu ontem. Pedíamos paz e fomos alvejados”, afirmou o deputado em uma postagem no Facebook.
Além de Serafini, estavam no palco outros parlamentares e representantes de movimentos sociais. Os participantes do ato contra as reformas Trabalhista e da Previdência cantavam o Hino Nacional pouco antes da ação da polícia. A fala do deputado foi interrompida pelas bombas.
No Facebook, a página oficial do deputado fez essa publicação:
PAREM AS BOMBAS!
O vídeo abaixo mostra o momento exato que a Polícia Militar atirou bombas de gás lacrimogêneo no público e no palco onde o deputado Flavio Serafini, junto com parlamentares e representantes de movimentos, faziam intervenções no ato pacífico da greve geral contra as reformas Trabalhista e da Previdência, ontem (28/4) na Cinelândia. Neste momento, o público havia se reagrupado, após ter sido dispersado à força pela polícia que atirou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha indiscriminadamente nos manifestantes desde o início da marcha, em frente à Alerj. A fala de Serafini foi interrompida, bem como o Hino Nacional, pelas bombas, como fica claro nas imagens. Várias vezes ele pediu para que a polícia parasse de jogar as bombas no público, que estava absolutamente pacífico.
Veja vídeo publicado no Youtube (aos 4' do vídeo, quando o público começa a cantar o Hino Nacional, as bombas começam a ser lançadas):
OAB critica ação da PM em protesto na Cinelândia
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lideranças sociais e sindicalistas acusam a Polícia Militar de ter inviabilizado o comício de encerramento dos protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência, na sexta-feira (28), na Cinelândia. Segundo eles, quando milhares de pessoas aguardavam o início dos discursos, que seriam realizados em um palanque montado em frente à Câmara Municipal, PMs começaram a jogar bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, o que causou um corre-corre e esvaziou a praça.
De acordo com os organizadores, após cerca de 30 minutos, os manifestantes voltaram, mas a PM voltou a reprimi-los, jogando mais bombas sobre o local e terminando de vez com o comício.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção do Rio de Janeiro, divulgou nota protestando contra a violência da PM nos protestos de rua que fizeram parte do dia de greve geral. "A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, vem a público repudiar veementemente a violenta ação da Polícia Militar contra milhares de manifestantes que participavam de ato no fim da tarde desta sexta, dia 28, na Cinelândia."
"Nada justifica a investida, com bombas e cassetetes, contra uma multidão que protestava de modo pacífico. Se houve excessos por parte de alguns ativistas, a Polícia deveria tratar de contê-los na forma da lei. Mas o ataque com métodos de tocaia e a posterior perseguição por vários bairros a pessoas que tão-só exerciam seu direito à manifestação representa grave atentado à Constituição e ao Estado democrático de Direito."
"O Brasil passou mais de duas décadas sob o jugo do autoritarismo. Não podemos admitir qualquer ensaio de retorno a aqueles tempos sombrios. É o alerta que a OAB/RJ, em seu papel institucional, faz nesse preocupante momento de nossa história. Democracia, sempre", diz a nota da OAB/RJ, assinada pelo presidente Felipe Santa Cruz.
Os sindicalistas também se queixaram: “Eles chegaram com a truculência de sempre, sem identificar quem estava [ali] para fazer baderna e quem estava para protestar. Eles simplesmente botam todos no mesmo saco e atacam a gente. O principal ato de hoje eles conseguiram desmobilizar”, protestou o representante do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas em Saneamento Básico do Rio de Janeiro, Mario Porto.
Os sindicalistas disseram que a PM jogou bombas no palco, enquanto pessoas discursavam. “A polícia nunca quis que a gente realizasse este ato. Jogaram bombas no palco, enquanto as pessoas estavam falando. Essa não é atitude de polícia”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ronaldo Leite. Para Leite, o objetivo real era encerrar o ato.