ASSINE
search button

MPF: Crise do estado foi agravada por esquema criminoso de Sérgio Cabral

Organização criminosa "altamente sofisticada" tinha ex-governador como mentor

Compartilhar

Procuradores da Operação Lava Jato disseram, na manhã desta quarta-feira (7), que o ex-governador Sérgio Cabral, preso desde o dia 17 de novembro, era o chefe do esquema de corrupção, recebimento de propinas envolvendo a Andrade Gutierrez e lavagem de dinheiro. A denúncia, que envolve 13 pessoas, entre elas a mulher de Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, presa nesta terça-feira (6), enumera 21 crimes praticados pela organização criminosa.

De acordo com o procurador da República Lauro Coelho Júnior, as "mesadas" de Cabral, em esquema praticado em conjunto com seu ex-secretário de governo Wilson Carlos, estão relatadas em uma planilha que mostra 5% de exigência para contratação de obras públicas.

"A propina devida era de R$ 13 milhões. Acerto era pagamento de 5%, mas o que era devido era 5% sobre o que o governo do estado faturou em favor das empreiteiras. Chamo a atenção para uma planilha detalhada apresentada por um colaborador da Andrade Gutierrez. Foi comprovado pericialmente que essa não sofreu nenhuma alteração depois de 2012", disse Coelho Júnior, lembrando que os valor movimentado no esquema em obras como o Arco Metropolitano e na reforma do Maracanã chega a R$ 224 milhões.

Durante a coletiva de imprensa, os procuradores afirmaram que a crise que o Estado do Rio enfrenta pode ter sido agravada pelo grande volume de dinheiro desviado pela organização criminosa. "O estado do Rio foi assolado por uma quadrilha em diversos casos de corrupção. E o estado vive hoje uma crise que, talvez não fosse tão extensa sem essa pratica contra o governo do Rio, o governo federal e o povo em geral", afirmou o procurador Leonardo Cardoso de Freitas. 

>> MPF suspeita que ainda há jóias ocultas de Cabral e Adriana Ancelmo

Os integrantes da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmaram, também, que o esquema criminoso que tinha Cabral como mentor era "altamente sofisticado". Segundo o procurador Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, as empresas Frangos Rica e resort Hotel Portobello celebraram contratos fictícios com o escritório de Adriana Ancelmo e com as empresas de Carlos Miranda e Carlos Bezerra, com lavagem de dinheiro a partir da mistura de ativos lícitos com ilícitos.

"Quando a empresa não tem sede é muito fácil de identificar a lavagem, mas desta forma há um alto nível de sofisticação, pois misturavam os ativos ilícitos com dinheiro lícito nas empresas", comentou ele.

>> Justiça manda prender mulher de Cabral; ex-governador e mais 12 viram réus

>> Após pedido de prisão preventiva, esposa de Sérgio Cabral se apresenta à Justiça

>> Protesto na Alerj registra quatro horas de confronto no Centro do Rio