Agentes da Guarda Municipal interromperam na manhã deste sábado (20) um protesto da Organização Não Governamental Rio de Paz, na Praia de Copacabana, na Zona Sul carioca. Os guardas retiraram uma estrutura montada pela ONG na areia que retratava uma favela e questionava o legado olímpico para a população pobre da cidade.
?O ato começou às 6h e a estrutura de protesto feirta de papelão, plástico e madeira deveria permanecer até às 17h, mas por volta das 8h30, os agentes retiraram o material.
Durante o protesto, o fundador da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa ressaltou que desde 2007 a ONG realiza protestos com estruturas montadas na Praia de Copacabana e nunca sofreu repressão das autoridades. Segundo Antônio Carlos Costa, a ONG só realizou o ato agora justamente para não atrapalhar o bom andamento da Olimpíada.
"Poderíamos ter feito no início, poderíamos ter realizado manifestação de rua, temos poder para isso, fizemos no final para não prejudicar os Jogos Olímpicos e acontece isso [retirada dos materiais que estavam na praia. O Rio de Janeiro termina a olimpíada de uma forma péssima."
O chefe da operação da Guarda Municipal, inspetor Brum afirmou para a imprensa que a ação teve como base o código de posturas da Prefeitura, que proíbe a montagem de qualquer estrutura na praia, ressaltando que apenas a estrutura foi retirada, negando que tenha sido orientado para impedir a manifestação.
"A manifestação é pacífica, ela pode ocorrer, tanto que os manifestantes se colocaram de uma maneira extraordinária, uma consciência política excepcional, não se colocaram contra a desmontagem da estrutura porque eles sabem que isso infringe uma legislação da prefeitura, está relacionado às posturas municipais. Apenas a estrutura foi retirada, não a manifestação. Temos que separar essas questões. Todas as vezes que eles montam, a gente vem e pede, da forma que vocês acompanharam, para que seja desmontado. Pode levar um tempo maior ou um tempo menor, a gente trabalha no diálogo. Fico muito feliz que as pessoas estejam ganhando essa consciência política e estejam fazendo isso de uma maneira tranquila e harmônica."
Nas redes sociais a ação da Guarda Municipal foi criticada. Enquanto o material era retirado pela Guarda Municipal, os manifestantes se sentaram atrás de uma faixa colocada ao lado do calçadão. Eles amordaçaram suas bocas e amarraram os punhos por fita adesiva preta, como forma de criticar a censura e a repressão pelo ato em Copacabana.