Uma vez por semana a rotina de 55 internas que cumprem pena no Presídio Nelson Hungria, no Complexo Penitenciário de Gericinó, muda totalmente. Após os afazeres diários, como arrumar e limpar suas celas, elas se dedicam a manusear pincéis, telas, quadros, linhas, lãs, agulhas e materiais recicláveis durante as aulas de artesanato, pintura e barro terapia.
Os cursos são resultado de uma parceria entre a Secretaria de Administração Penitenciária e o Instituto Masan. As aulas acontecem na sala de arte da unidade prisional, que foi inaugurada há sete anos. A produção das detentas, eventualmente, é exposta para os visitantes.
Responsável pelos cursos, a inspetora Leandra Gomes frisou que há uma diferença nítida de comportamento entre as internas que participam das aulas.
– A melhora é certa, as detentas ficam empolgadas. Aprender artesanato e artes dá a elas confiança – disse Leandra Gomes.
Descoberta de talentos
Matriculada no curso de pintura há três meses, a detenta Natalia Alves está no seu segundo quadro.
– Nunca havia segurado um pincel. Descobri um dom e hoje me sinto muito bem. Poder me expressar através da arte me deixa feliz – contou Natalia.
O professor de pintura Manoelzinho di Xerém, responsável pelo curso para as detentas, destaca a importância de seu trabalho.
– Faço isso com o maior amor. Sou ex-detento e entendo perfeitamente o que passam, sei do que precisam. Na sala de arte, elas se distraem e elevam a autoestima. É uma forma de desabafar e de ressocialização – ressaltou o professor de pintura.